Como Jesus Cristo Pode Ter Vida Original, Não Emprestada, Nem Derivada e Ser Apenas Filho de Deus?

 

A idéia da filiação divina de Jesus Cristo, filiação em relação à Deus o Pai, é freqüente e intensamente repetida em todo o Novo Testamento. Mas, ao passo que a Bíblia afirma Jesus Cristo como Filho de Deus, a Doutrina da Trindade nega essa filiação.

A negação da filiação divina de Cristo pela doutrina trinitariana, nasce da necessidade da manutenção de sua coerência interna. Sendo Cristo, como ensina a Doutrina da Trindade, princípio sem princípio como o Pai, começo sem começo, origem sem origem, Ele não poderia ser Seu Filho.

O termo filho carrega em si uma noção de anterioridade e posterioridade. O pai sempre é primeiro do que o filho. Sem pai não existe filho. Sendo Cristo e o Pai coeternos, um não pode ser filho do outro.

Os trinitaristas dizem então que, quando a Bíblia chama Jesus de ilho de Deus, ela usa o artifício da figura de linguagem, da metáfora. Assim, para eles, Cristo é Filho de Deus da mesma maneira que a nação israelita o é. Eles dizem que Jesus é Filho de Deus com o mesmo sentido que a raça humana o é. Cristo seria Filho de Deus na mesma acepção que os anjos o são. Desse ponto de vista, Cristo é Filho apenas metaforicamente. Cristo não é Filho natural de Deus, segundo a doutrina da trindade.

Dizem ainda que Cristo nunca foi gerado por Deus no mesmo sentido que os filhos dos homens são gerados. A relação pai e filho apresentada pelas pessoas divinas seria apenas uma relação de funções. Seria apenas por uma questão de funcionalidade que Deus e Cristo se apresentam numa relação de filiação e paternidade.

"Dentro da Divindade existe uma distribuição de funções (...). Esta organização parte da unidade interna da Divindade. O Pai parece atuar como fonte, o Filho como mediador e o Espírito Santo como atualizador ou aplicador. A encarnação ilustra de forma bonita o relacionamento funcional entre as três pessoas da Divindade. (...) Em sua distribuição interna de funções, diferentes membros da Divindade executam tarefas distintas para a salvação do homem." Nisto Cremos, Casa Publicadora Brasileira, págs. 42-44.

A Doutrina da Trindade, ao afirmar que Deus e Cristo têm apenas papéis funcionais como Pai e Filho, desautoriza a própria Bíblia na sua apresentação de Deus e de Cristo. São os homens chamando o texto bíblico de fantasioso e mentiroso.

Para aceitarmos a idéia da funcionalidade, precisaríamos encontrar essa idéia dentro do texto bíblico, porém, o que encontramos é a confirmação da filiação de Cristo em relação ao Pai. Cristo é apresentado como sendo filho gerado de Deus tanto no Bíblia quanto no Espirito de Profecia.

Primeiro chamemos o testemunho da Bíblia.

 

O testemunho do centurião romano:

"E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor e disseram: Verdadeiramente este era FILHO DE DEUS." Mateus 27:54.

O testemunho dos demônios:

"E os espíritos imundos, vendo-o, prostavam-se diante Dele e, clamavam dizendo, dizendo: Tu és o Filho de Deus.  Marcos 3:11.

 

É claro que precisamos de testemunhos mais qualificados do que testemunhos de soldado romano ou de demônios! Chamemos então o testemunho de pessoas mais qualificadas...

 

O testemunho de Pedro, apóstolo de Cristo:

"Tu é o Cristo, o Filho de Deus vivo." Mateus 16:16.

 

O testemunho de João, apóstolo de Cristo:

"Graça, misericórdia, paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e caridade. " II João 3.

 

O testemunho de Paulo, chamado por Cristo para pregar aos gentios:

"Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu filho Jesus Cristo nosso Senhor." I Coríntios 1:9.

 

O testemunho que o próprio Cristo dá de si mesmo:

"Aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: blasfemas porque disse: Sou filho de Deus?" João 10:36.

 

O testemunho do próprio Pai:

"E eis uma voz dos céus dizia: Este é meu filho amado em quem me comprazo." Mateus 3:27.

 

Diante de tão qualificadas testemunhas, não restaria outra opção senão que aceitar que Jesus Cristo é filho natural de Deus. No entanto isto não é aceito pelos defensores do trinitarismo católico que estão dentro da I.A.S.D.

Resta-nos perguntar: quem está mentindo? Os homens, ao negarem a filiação divina de Cristo, ou os apóstolos, Cristo e o próprio Deus quando afirmam a filiação divina de Jesus?

 

Apesar de já serem suficiente o testemunho dos personagens bíblicos, vamos ser por uma boa causa um pouco redundantes, chamando também o testemunho do Espírito de Profecia.

 

O TESTEMUNHO DO DOM PROFÉTICO:

"As Escrituras indicam com clareza a relação que há entre Deus e Cristo, e com idêntica clareza apresentam a personalidade e individualidade de cada um. 'Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo , por quem fez também o mundo; o qual sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da Sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder, havendo feito por Si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas; feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. Porque , a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, hoje te gerei ? e outra vez: Eu lhe serei por Pai, e Ele me será por Filho ? '    HEBREUS  1 : 1,5. Deus é o Pai de Cristo; Cristo é o Filho de Deus. A Cristo foi atribuída uma posição exaltada. Foi feito igual ao Pai. Cristo participa de todos os designíos de Deus." Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 266.

Maior clareza do que é apresentada neste texto, só se o próprio Cristo vir dizer outra vez pessoalmente que ele é Filho de Deus!

 

Vida original, não emprestada

A negação da filiação natural de Cristo em relação a Deus não tem nenhuma base bíblica. A negação é feita para manter a lógica interna da Doutrina da Trindade.

Os adventistas que aceitam essa negação, precisam negar todo um conjunto de textos bíblicos e ainda dar uma interpretação equivocada a alguns textos do Espírito de Profecia.

Um texto que está sendo muito utilizado pelos defensores da trindade, que tentam encontrá-la nos escritos da Sra. White, é o que encontramos no livro O Desejado de Todas as Nações, pág. 507 (no CD-Rom, Versão 1.0, pág. 530):

"Ainda procurando dar a verdadeira direção à sua fé, Jesus declarou: 'Eu sou a ressurreição e a vida.'  Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada.' 'Quem tem o Filho tem a vida.'"

Querem os trinitaristas que, neste texto, a Sra. White tenho querido afirmar que Cristo possui vida em si mesmo de forma independente e não originada no Pai. Se este era o propósito dela, então imediatamente teria que ser abandonada como autora inspirada, por estar entrando em flagrante contradição com o texto bíblico:

"Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também o Filho ter a vida em si mesmo." João 5:3.

A vida que Cristo tem em si mesmo, é vida originária no Pai, e originada de uma maneira que só ocorreu em Cristo Jesus. Jesus é o único Filho de Deus. Todas as criaturas foram criadas por Deus, a partir do nada. Cristo foi gerado pelo Pai, a partir de alguém que já existia, o próprio Pai.

Ao ser gerado pelo Pai, Ele passa ter a vida do Pai, vida original, não emprestada, não derivada. Por este motivo, há então em Cristo vida original, não emprestada, não derivada. Foi isto que a Sra. White quis falar e não as palavras que os trinitaristas querem por em sua boca.

Prova deste argumento, é a harmonia que ele encontra com o restante da obra do Espírito de Profecia. A mesma idéia de que o Pai é a fonte de vida original, é encontrada no próprio livro Desejado de Todas as Nações, págs. 16-17 (no CD-Rom, Versão 1.0, pág. 21):

"Volvendo-nos, porém, de toda as representações secundárias, contemplemos Deus em Cristo. Olhando para Jesus, vemos que a glória de nosso Deus é dar. 'Nada faço de mim mesmo' disse Cristo;' 'o Pai, que vive me enviou, e eu vivo pelo Pai.'  'Eu não busco a minha glória, mas a daquele que me enviou.' Manifesta-se nestas palavras o grande princípio que é a lei do universo. Todas as coisas Cristo recebeu de Deus, mas recebeu-as para dar. Assim nas cortes celestes, em seu ministério por todos os seres criados; através do amado Filho, flui para todos a vida do Pai; por meio do Filho ela volve em louvor e jubiloso serviço, uma onda de amor, à grande Fonte de tudo. E assim, através de Cristo, completa-se o circuíto da beneficência, representando o caráter do grande Doador, a lei da vida."

O Pai é a fonte originária da vida para todo o universo. Cristo é o caminho pelo qual a vida jorra da Fonte original para todo o universo.

Cristo é o caminho tanto para a chegada da vida, como o caminho para o retorno à fonte original, que é o Pai. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim." João 14:6.

"Nossa vida deriva de Jesus. Nele está a vida, original, vida não emprestada, não derivada. Há em nós um fluxo da fonte de vida. Nele está a fonte da vida. Nossa vida é algo que recebemos, alguma coisa que o doador para si toma novamente. Se nossa vida estiver escondida com Cristo em Deus, quando Cristo se manifestar, também nos manifestaremos com ele em glória. E enquanto estivermos neste mundo, daremos a Deus, em santificado serviço, todos os atributos que ele nos deu." Medicina e Salvação, edição encadernada, pág. 7.

Observe que, segundo o Espírito de Profecia, a mesma vida original, não emprestada, nem derivada, que Cristo herdou do Pai, pode também ser possuída pelo homem, através da fé no Filho de Deus. Mas isso não fará de nós divindades coiguais e coeternas com o Pai!

"'NEle estava a vida, e a vida era a luz dos homens.' João 1:4. Não é a vida física que é aqui especificada, mas a imortalidade, a vida que é exclusivamente propriedade de Deus. O Verbo, que estava com Deus e era Deus, possuía essa vida. A vida física é algo que todo indivíduo recebe. Não é eterna ou imortal; pois Deus, o doador da vida, toma-a outra vez. O homem não tem domínio sobre sua vida. A vida de Cristo, porém, não era de empréstimo. Ninguém pode arrebatar-Lhe essa vida. "Eu de Mim mesmo a dou" (João 10: 18), disse Ele. NEle havia vida, original, não tomada por empréstimo, não derivada. Essa vida não é inerente ao homem. Ele só a pode possuir mediante Cristo. Não a pode ganhar por mérito; é-lhe dada como dádiva livre, se ele crer em Cristo como seu Salvador pessoal. "A vida eterna é esta: que Te conheçam, a Ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3. Esta é a fonte de vida, aberta ao mundo." Mensagens Escolhidas, Vol. 1, págs. 296-297 (CD-Rom, Versão 1.0)

O texto fala por si só. Poderia acrescentar inúmeros outros textos que são harmônicos com a idéia de que Cristo possui em si mesmo a vida original, não emprestada, não derivada, mas, em toda situação a vida é do Pai, a fonte é o Pai.

 

Conclusão

A negação da filiação divina da Cristo não encontra eco no Espírito de Profecia, e, muito menos, no texto bíblico.

O que tenho percebido em nossos estudos da Bíblia e do Espírito de profecia, é uma grande coerência de idéias entre ambos, e os dois não se harmonizam com a Doutrina da Trindade.

Não tenho dúvidas de quem está errado, e, não foi preciso nenhum anjo vir mostrar a verdade e o erro. Os profetas estão aí, leiamo-los! -- Elpídio da Cruz Silva, adventista há mais de 20 anos.

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