Igreja Adventista Admite Uso de Chip de Rastreamento como Cumprimento Profético

Toda vez que irmãos ligados ao movimento leigo, como o Pastor Robespierre, que produziu fita de vídeo sobre o tema, alertam sobre a proximidade da implantação de chips de monitoramento em seres humanos, surgem comentários de que esse fato não teria nenhuma importância como cumprimento profético e os mensageiros de Deus são ridicularizados. Pois bem, para mostrar que não estamos sozinhos na interpretação disto como evidência do iminente fim de todas as coisas, reproduzimos abaixo matéria da revista Sinais dos Tempos, sobre o assunto.

 

Espionagem perigosa

O cenário descrito pelo escritor britânico George Orwell no livro 1984, em que o Grande Irmão (Big Brother, em inglês) vigia as pessoas constantemente, parece estar ganhando vida. Em certo sentido, a ficção vira realidade. Uma parafernália de sofisticados equipamentos, incluindo câmeras, satélites, computadores e chips, invade cada vez mais a privacidade cotidiana das pessoas, expõe a sua intimidade e tira o sossego de quem quer viver no anonimato.

Vários filósofos e jornalistas têm, ao mesmo tempo, elogiado os benefícios e ressaltado as ameaças que essa tecnologia representa. Porém, se a questão do fim da privacidade é preocupante, há um risco ainda mais sério. No futuro, essa tecnologia (ou outra que aparecer) pode ser apropriada pelo poder político-religioso ditatorial denunciado pelo apóstolo João em Apocalipse 13, a fim de impor a sua ideologia. Chamado de "besta" ou "monstro" e descrito em linguagem simbólica (talvez para evitar a acusação de sedição contra o Império Romano), esse poder tentará controlar a consciência das pessoas , monitorando até o seu modo de adoração.

Obviamente, a famosa "marca da besta" não é um chip; é uma decisão, uma postura de submissão religiosa diante das exigências desse poder totalitário. Mas a tecnologia, mesmo não sendo maligna em si, pode vir a ser utilizada como instrumento de controle e dominação, assim como outra tecnologia menos sofisticada foi utilizada pelos nazistas para catalogar e monitorar os judeus na época do Holocausto. É bom ficar de olho naqueles que estão de olho em nós.

Esse é o tema da reportagem de capa desta edição. O objetivo da matéria, escrita pelo jornalista Guilherme Silva, não é alarmar; mas chamar a atenção para um problema potencialmente real. Além desse tema, há outros que você certamente vai gostar de conferir.

Marcos De Benedicto (Editorial da edição de setembro-outrubro de 2001 da Revista Sinais dos Tempos, pág. 2.)


Vigilância totalitária

Crescente monitoramento individual favorece o cumprimento profético

Guilherme Silva - Editor associado

É possível que nenhuma profecia bíblica tenha despertado tantas teorias conspiratórias como o relato de Apocalipse 13, sobre a besta, cujo número é 666. A televisão, quando surgiu, foi identificada por segmentos evangélicos como sendo a "imagem da besta". Atualmente, ainda há quem acredite nisso.

Outros preferem crer que Bill Gates, o homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes, seria a própria besta. Eles argumentam que na linguagem do computador as letras do teclado são transformadas em números. A soma dos números correspondentes às letras do nome Bill Gates totaliza 663. Para incriminar o bilionário, relembram seu nome completo, William Henry Gates III. Assim, acrescentando o algarismo três, que consta em seu nome antes da fama, chegam ao resultado final: 666. Como "prova", seguem o mesmo processo para demonstrar que "Windows 95" equivale ao famigerado número.

Como se não bastasse, existe ainda o caso do "Hall das almas torturadas", um programa camuflado encontrado no programa Excel 95. Apesar de ter causado algum estardalhaço entre os teóricos da conspiração, o "hall" é na realidade uma traquinagem dos programadores, onde eles colocam suas assinaturas. Em outros programas, como o processador de textos Word, há brincadeiras semelhantes. Na versão 2000, todas elas foram proibidas pela empresa.

Se você teve dificuldade para entender a lógica que pretende transformar o todo-poderoso da Microsoft em um dos mais amedrontadores vilões da profecia, não se preocupe. A idéia carece de uma visão mais abrangente da história e do contexto bíblico. Mas, nem por isso, faça pouco caso da questão tecnológica no xadrez profético.

Em Apocahpse 13:16 e 17, a Bíbha afirma: "A todos os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número de seu nome." Nesses versiculos, a Bíblia aponta um tempo na história em que a participação no mercado consumidor está associada ao recebimento da marca. Sem ela, não se compra nem se vende - não importa a classe social. A interdição comercial profçtizada exige, dessa forma, métodos rigorosos de controle dos indivíduos.

Privacidade ameaçada - Na atualidade, o monitoramento das pessoas, realizado com a ajuda das máquinas, é uma tendência que cresce. Nas ruas, empresas, lojas e bancos é comum a presença do olho eletrônico, registrando rostos e movimentos. Na capital paulista, 200 quilômetros de ruas e avenidas são monitorados por 104 câmeras instaladas pela Companhia de Engenharia de Tráfego. Nos estabelecimentos comerciais elas chegam a 125 mil. Estima-se que 75% dos grandes varejistas usem filmadoras para vigiar os chentes. Só a rede Carrefour conta com mais de 2 mil delas, espalhadas em seus supermercados, no país.

O patrulhamento brasileiro, contudo, parece insignificante quando comparado ao sistema de monitoramento da Inglaterra. Segundo apuração da revista Superinteressante, as ruas inglesas serão vigiadas até 2004 por uma rede composta de 2 milhões de câmeras.

Se os passos de um cidadão comum podem ser identificados nas ruas e prédios das grandes cidades, realizar o rastreamento no mundo virtual é ainda mais fácil - e mais comum. Segundo Fabio Pintos, programador da Microsoft, programas espiões, chamados de "cavalos de Tróia", são capazes de fazer uma devassa na vida digital de qualquer um. Uma vez instalados, outras pessoas conseguem ler seus e-mails, descobrir suas senhas, números de cartões de crédito, contas bancarias e qualquer outra informação que o computador contenha.

Pior ainda, acrescenta Fábio, e possível roubar a identidade de alguém, usando carteiras de identidade, de motorista e cartões de crédito com o nome de outra pessoa". Esse cenario é ilustrado no filme A Rede, de Irwin Winkler, lançado em 1995. Nele, a atriz Sandra Bullock vive uma personagem que teve a própria identidade anulada pela ação de ciber-infratores.

Ditadura digital - Em declaração à revista Veja, o escritor canadense Reg Whitaker, autor do livro The End of Privacy (O Fim da Privacidade), argumenta que "o mais surpreendente é que as pessoas estão abrindo mão de sua privacidade voluntariamente". De acordo com ele, isso acontece em troca de produtos, serviços, comodidade e segurança.

Para o professor Luiz Nabuco Lastória, doutor em Psicologia Social pela USP a troca da privacidade pela comodidade e segurança vem de uma crença ingênua no progresso tecnológico como algo bom Dor natureza. Segundo o professor, as pessoas simplesmente trocam uma forma de violência por outra. "A extinção da privacidade também é uma forma de violência, só que mais sutil", argumenta.

Nabuco acredita que atualmente já se vive em um estado de ditadura das máquinas: "Numa sociedade desigual, os recursos técnicos estão a serviço da dominação." O fato de nos grandes centros ninguém se mover longe dos olhos eletrônicos instaura, de acordo com o professor, um clima de liberdade vigiada. "A situação é semelhante à de um prisioneiro em regime condicional", ilustra.

O que assusta é que a multiplicação de câmeras, nos espaços compartilhados socialmente, e da bisbilhotagem, no mundo virtual, é só o começo do surgimento de métodos de patrulha muito mais eficazes. O Digital Angel (anjo digital) é um exemplo. Trata-se de um chip lançado pela empresa Applied Digital Solutions que permite que uma pessoa (ou animal) seja encontrada em qualquer lugar do globo, a qualquer hora dó dia ou da noite.

Medindo cerca de 2 centímetros de diâmetro, o chip pode ser instalado em um relógio de pulso ou num colar. Há também a possibilidade de implantá-lo sob a própria pele, com um procedimento cirúrgico de incrível simplicidade. Por conter bateria recarregável com energia do próprio corpo, o pequeno equipamento pode permanecer por vários anos no local em que é implantado. Para funcionar em todo o mundo, o "anjo digital" foi projetado para enviar e receber sinais de satélite. O satélite, por sua vez, repassa os dados para uma central, que os armazena. Pela Internet pode-se acessar os dados e saber a localização e os sinais vitais da pessoa de posse do chip. Só é preciso ter a senha.

E evidente que a invenção traz benefícios quando usada para encontrar animaizinhos perdidos ou controlar o estado clínico de idosos com problemas de saúde. Nos casos de seqüestro, então, a vítima seria encontrada em poucos minutos. Porém, a questão que fica é se vale a pena permitir que terceiros saibam de todos os passos dados pela pessoa. Em uma pesquisa realizada pela Vox Populi para a revista Época apenas 35% dos entrevistados concordaram com a possibilidade de exposição pública da intimidade de cidadãos comuns.

Mas nem só da vida particular dos indivíduos vive o patrulhamento eletrônico. O sistema internacional de vigilância conhecido como Echelon intercepta mensagens trocadas entre governos e empresas, em todo o mundo. Trata-se de um sistema de monitoramento da comunicação global desenvolvido pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), em parceria com o Canadá, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia. Em 1999, o jornalista escocês Duncam Campbelí apresentou um amplo relatório ao parlamento da União Européia sobre a bisbilhotagem desses cinco países.

O relatório de Campbell atribui ao Echelon a capacidade de grampear 90% das ligações internacionais e uma parte considerável do fluxo de informações na Internet. Isso por meio de filtros de rede, satélites espiões e grampos em cabos submarinos. A existência do sistema foi confirmada por autoridades australianas em 1999. Outro relatório preparado este ano por um comitê do parlamento europeu afirma que o sistema não é tão poderoso quanto se apregoou. Mas em maio, quando membros do comitê foram a Washington para realizar averiguações, não foram recebidos pela Agência Nacional de Segurança. A capacidade real de vigilância continua sendo uma incógnita.

Contexto profético - No que diz respeito às profecias, os mistérios também são desafiadores, como o enigma da besta e sua marca. Contudo, uma visão mais ampla do contexto bíblico descarta com facilidade uma série de especulações. Antônio Nepomuceno, professor aposentado de Escatologia, esclarece que a palavra-chave para entender a questão é "adoração". Conforme a Bíblia, a marca é dada aos que adoram a besta (Apoc. 13:15 e 16). Mas quem ou o que é ela?

Uma comparação entre o capítulo 13 de Apocalipse e o sétimo capítulo do livro de Daniel serve para traçar seu perfil inicial. O terrível animal apocalíptico tem grandes semelhanças com a figura do "chifre pequeno", em Daniel, segundo o pesquisa-dor bíblico Mervyn Maxwell, autor do livro Uma Nova Era Segundo as Profecias do Apocalipse.

No livro de Daniel são destacadas quatro características principais: (1) fala palavras contra Deus, (2) pretende mudar os tempos e a lei, (3) pisa o santuário e (4) guerreia com os santos por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. Em Apocalipse, mais três características se destacam:

(1) profere blasfêmias contra Deus, (2) blasfema do lugar de sua habitação e daqueles que moram no Céu e (3) faz guerra aos santos por quarenta e dois meses.

Reunindo essas características, Maxwell conclui que as duas figuras proféticas correspondem à mesma coisa. Trata-se de um poder ao mesmo tempo político e religioso que modifica por conta própria a lei de Deus, pratica perseguição religiosa durante um tempo determinado e tem a arrogância de querer legislar em nome de Deus. Numa retrospectiva histórica dos 2 mil anos de cristianismo, o que impressiona é que a estrutura político-administrativa católica, que nasce da união de parte dos cristãos com a poderosa máquina romana, encaixa-se em todas essas determinações, segundo o estudioso.

A Igreja nunca escondeu que foi baseada em sua própria autoridade que modificou o quarto mandamento da lei de Deus, instituindo o domingo (antigo dia de adoração ao Sol) como dia santo em lugar do sábado. Acontece que a Bíblia não autoriza quem quer que seja a criar emendas ou reformar a Constituição divina, os Dez Mandamentos. "Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra (Mat. 5:18). Além disso, o próprio Deus estabeleceu o sábado como um dia especial de adoração e como um sinal entre Ele e Seu povo.

"Santificai os Meus sábados, pois servirão de sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o Senhor, vosso Deus" (Ezeq. 20:20).

Segundo essa perspectiva, a observância do sábado ou do domingo implica, no fim das contas, em escolher a forma de adoração instituída por Deus ou aquela criada por seres humanos falhos. É uma atitude que marca de que lado o indivíduo prefere estar e a quem prefere adorar. Distingue a adoração falsa da verdadeira.

Maxwell afirma que na época indicada pela profecia, a marca será dada aos que optarem por prestar adoração e obediência a legislações humanas contrárias às orientações divinas. Colocada na testa (Apoc. 13:16), a marca representa uma "concordância intelectual" com a falsa adoração; na mão, simboliza "as atividades executadas em harmonia com semelhantes crenças", mesmo sem a aceitação intelectual. "Assim, a marca da besta não é necessariamente um sinal visível", opina o professor Nepomuceno. Por isso, você não precisa jogar fora a sua TV ou o seu computador. O problema é outro.

Como aconteceu no passado, Apocalipse 13 (quando fala do surgimento de uma segunda besta) aponta a união futura do maior poder político do planeta ao maior poder religioso para estabelecer um domínio global. Nessa ocasião, os que não tiverem a "marca" serão excluídos do mercado de consumo e perseguidos, diz a Bíblia. A facilidade sempre crescente de monitorar os hábitos de vida de pessoas comuns, na atualidade, pode sinalizar que esse tempo não está muito longe. Numa entrevista concedida à revista Sinais, em 1999, a historiadora da Universidade de São Paulo Anita Novinski afirmou que a Inquisição só não foi pior que o Nazismo porque não tinha a mesma capacidade tecnológica. O problema, na verdade, não é das máquinas, mas é dos homens que as usam para multiplicar perversidades.

Os livros proféticos são um alerta de Deus à humanidade. "Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo" (Apoc. 1:3). -- Publicado pela Revista Sinais dos Tempos, edição de setembro-outubro de 2001, págs. 10 a 12.

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