Noticiário Católico Diz que Visita do Papa ao Parlamento Equivale à Cura de uma Ferida

"Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta." Apocalipse 13:3.

"O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste? Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher: a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá. Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco. E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição." Apocalipse 17:7-11.


O Papa supera no Parlamento Italiano divisões de mais de um século

O nascimento do Estado italiano abriu uma ferida que demorou para curar-se

ROMA, 15 de novembro 2002 (Zenit.org).- A intervenção do João Paulo II desta quinta-feira ante o Parlamento Italiano constitui um ato sem precedentes: pela primeira vez na história um bispo de Roma é recebido pelas duas Câmaras, na presença de todas as autoridades do Estado.

Trata-se de um gesto que décadas atrás teria sido impossível, pois a origem histórica do Estado italiano provocou profundas tensões com a Santa Sé por causa da anexação dos Estados Pontifícios, assim como da ideologia de alguns dos protagonistas da unificação italiana (1870).

Os momentos mais difíceis das relações entre a Itália e a Igreja católica foram vividos precisamente durante o papado de São Pio IX (1846-1878).

Em 1865, Pio IX escreveu ao primeiro monarca da Itália Víctor Manuel II (tinha sido proclamado rei em 1861) para denunciar a difícil situação que atravessava a Igreja Católica no país que se estava unificando. 108 sedes episcopais de 229 estavam vaicantes; 80 bispos, entre eles 9 cardeais, foram detidos, processados e condenados ao cárcere ou ao exílio.

Em 7 de julho de 1866, retirou-se todo o reconhecimento jurídico a 1089 ordens, congregações, e corporações religiosas, e seus bens passaram a ser propriedade do Estado. Em 1867, se suprimiram 25 mil entidades eclesiásticas.

Em 20 de setembro de 1870, as tropas fiéis ao rei ocuparam os Estados Pontifícios. Pio IX se encerrou no Vaticano e se declarou prisioneiro. O Papa considerava uma injustiça histórica a maneira em que tinham sido expropriadas as propriedades da Igreja e temia que com a independência temporária perdesse também sua independência para exercer seu trabalho espiritual universal.

Por este motivo, em 1871, o Papa Pio IX pronunciou o «Non Expedit» pelo qual se impedia aos católicos tomar parte ativa na vida política da Itália unida. Em concreto, não deviam votar. Surgiu assim uma das divisões mais profundas experimentadas pela história da Itália.

A questão foi superada com os Pactos de Latrão de 1929 entre o Reino da Itália e a Santa Sé, nos quais se resolveu a conciliação entre o Estado e a Igreja católica. Aqueles pactos garantiram a reconstrução do Estado Pontifício, marcando os limites atuais da Cidade do Vaticano. Os dois Estados reconheceram a mútua soberania. A religião católica foi reconhecida como religião de Estado.

Ao recordar o centenário de anexação dos Estados Pontifícios, o Papa Pablo VI reconheceu que historicamente supôs a «liberação» da Igreja do peso do poder temporário.

Em 1984, a República Italiana e a Santa Sé assinaram uma nova Concordata com a qual o catolicismo deixou de ser a religião de Estado e o ensino religioso nas escolas assumiu o caráter opcional. Introduziu-se, além disso, um novo sistema de financiamento à Igreja, segundo o qual, o cidadão que quer pode destinar a uma religião reconhecida o equivalente a 8/1000 de seus impostos pessoais.

O passado da história italiana explica o motivo pelo qual o Parlamento Italiano não havia convidado nunca ao Papa para intervir ante as duas Câmaras, assim como o surpreendente interesse que gerou no país.

Em seu discurso desta quinta-feira ante o Parlamento, João Paulo II reconheceu que a relação entre a Itália e a Igreja católica «passou através de fases e vicissitudes muito diferentes entre si, que não ficaram fora das vicissitudes e contradições da história».

«Mas devemos reconhecer ao mesmo tempo que o desenvolvimento em ocasiões tumultuosas dos acontecimentos suscitou impulsos extremamente positivos quer seja para a Igreja de Roma, e portanto para a Igreja católica, quer seja para a querida nação italiana», concluiu. -- Código: ZS02111510. Data publicação: 15/11/2002.

Fonte: http://www.zenit.org/spanish/visualizza.phtml?sid=27708


O Papa no Parlamento Italiano: Reconciliação plena Igreja-Estado

Surpreendente impacto nos meios políticos e de comunicação

ROMA, 15 de novembro de 2002 (ZENIT.org).- A visita de João Paulo II desta sexta-feira ao Parlamento Italiano suscitou uma reação surpreendente na opinião pública italiana, assim como entre os representantes políticos, abrindo uma nova era de colaboração Igreja-Estado com respeito à autonomia.

O acontecimento foi noticiado na primeira página de todos os jornais italianos desta sexta-feira; alguns chegaram a dedicar ao assunto 9 páginas.

Joaquín Navarro Valls, diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, definiu a visita como «uma homenagem que o Papa quer oferecer à sintonia histórica totalmente particular que se dá na Itália com o humanismo cristão».

«Me parece que, neste caso, se trata de algo particular, em certo sentido único», havendo diferença do que sucedeu em visitas anteriores do Papa a assembléias parlamentares, afirma o porta-voz do vaticano.

O catedrático Carlo Cardia, um dos maiores especialistas em direito eclesiástico na Itália, considera esta visita como «um momento de maturidade para nossa democracia».

Assim, acrescenta, «demonstra que as relações com a Igreja já não são um problema histórico».

O primeiro ministro, Silvio Berlusconi, comentou: «Estou emocionado. Foi um discurso elevado, nobre e cheio de amor pela Itália, que tocou todos os temas que não se pode deixar de compartilhar».

De sua parte, um dos principais líderes da oposição, Massimo D'Alema, presidente do Partido Democrático de Esquerda (antigo Partido Comunista Italiano), acrescenta: «Para minha sensibilidade de homem de esquerda, as referências que João Paulo II fez à
solidariedade, à pobreza, à acolhida dos imigrantes e ao valor da paz, têm um significado particular».

O ex presidente da República Oscar Luigi Scalfaro afirmou: «O Papa confirmou o papel essencial da ética para quem governa».

Segundo o historiador Pietro Scoppola, a presença de Joao Paulo II no Parlamento marca a «reconciliação plena e incondicional com as instituições italianas». -- Código: ZS02111503. Data de publicação: 15/11/2002.

Fonte: http://www.zenit.org/spanish/visualizza.phtml?sid=27707


O Papa no Parlamento Italiano: Superação de velhas divisões

O nascimento do Estado italiano abriu uma ferida que demorou para curar-se

CIDADE DO VATICANO, 14 novembro 2002 (Zenit.Org).- Pela primeira vez na história da Itália um bispo de Roma visitou o Parlamento da Itália, oportunidade que serve a João Paulo II para propor que as relações Igreja-Estado estejam marcadas pela «colaboração», a «independência» e a «autonomia».

Em seu discurso de quarenta minutos, interrompido vinte vezes pelos aplausos de deputados e senadores reunidos em sessão conjunta, o pontífice tocou os grandes argumentos da atualidade italiana e mundial: a crise demográfica, os desafios do sistema educativo, o papel dos meios de comunicação, a clemência para os encarcerados, a solidariedade com os marginados, a emergência terrorista...

O interesse com que a opinião pública seguiu o acontecimento (vários canais de televisão o transmitiram em direto) é difícil de explicar, se não se tiver em conta que historicamente se deu um estremecimento entre a Igreja e o Estado Italiano, originado pelas vicissitudes de seu nascimento em 1870 (anexação dos Estados Pontifícios e outras questões).

Cobriram o acontecimento, 840 jornalistas italianos e estrangeiros em três salas de imprensa; inclusive foram postos dois telões nos arredores da sede das duas Câmaras (Senado e Parlamento) para que as pessoas pudessem acompanhar o discurso do Papa.

Nos dias anteriores, os periódicos italianos disputaram corridas para ver quem era capaz de adiantar temas do discurso que pronunciaria o Papa. Zenit pôde saber que o Papa dedicou um tempo excepcional a redigir e polir o discurso.

Depois de recordar que as relações históricas entre a Itália e a Santa Sede passaram por vicissitudes e «contradições», considerou que esta história serviu para amadurecer tanto à Igreja católica como ao país suscitando «impulsos extremamente positivos».

Neste sentido, o pontífice advogou pela «aproximação» e a «colaboração», «no respeito da recíproca independência e autonomia».

O bispo de Roma convidou deste modo a Itália a não perder sua herança humanista e cristã, que explica a extraordinária contribuição deste país ao patrimônio artístico mundial, e exigiu conservar o fundamento mesmo do direito surto em Roma: o respeito da dignidade da pessoa humana.

João Paulo II sublinhou três desafios concretos que têm que confrontar a Itália nestes momentos.

Mencionou a crise dos nascimentos» --Itália é um dos países com o crescimento demográfico mais baixos do mundo-- e o conseguinte «envelhecimento da população». Neste sentido, pediu «uma iniciativa política que, mantendo firme o reconhecimento dos direitos da família como sociedade natural fundada no matrimônio, segundo a afirmação da mesma Constituição da República Italiana (Cf. Artigo 29) --esta passagem o leu com mais ênfase--, faça social e economicamente menos onerosas a procriação e educação dos filhos».

Em segundo lugar, assegurou que o futuro de um país depende da educação que se dá a seus cidadãos, e por este motivo pediu favorecer a qualidade do sistema educacional, «em diálogo direto com as famílias e com todos os componentes sociais» (as escolas privadas não gozam de ajuda estatal na Itália) e exigiu que os políticos intervenham para que os meios de comunicação se convertam em fatores de educação.

Em terceiro lugar, o Papa se converteu em porta-voz dos mais desfavorecidos do país: os encarcerados («em condições de penosa aglomeração») para quem pediu uma «redução da pena»; os desempregados, em boa parte jovens; e os imigrantes. «Solidariedade» foi uma das palavras mais repetidas pelo Papa.

Por último, João Paulo II se referiu ao papel internacional que desempenha a Itália e pediu sua colaboração para que no atual processo de unificação do velho continente não se perca «essa extraordinária herança religiosa, cultural e civil que tem feito grande a Europa através dos séculos».

Fez também referência ao cenário da globalização, turbado por guerras e desde em 11 de setembro pela terrível ameaça do terrorismo que diz encontrar motivações na religião.

«Nesta grande empresa, da que dependerão nas próximas décadas os destinos do gênero humano --disse--, o cristianismo tem uma atitude e uma responsabilidade totalmente peculiares: ao anunciar ao Deus do amor, propõe-se como a religião do recíproco respeito, do perdão e da reconciliação». -- Código: ZS02111404. Data de publicação: 14/11/2002.

Fonte: http://www.zenit.org/spanish/visualizza.phtml?sid=27660

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