Escritos de Ellen G. White Não São um Acréscimo ao Cânon Sagrado

Constituem os escritos da Sra. E. G. White para a igreja de Cristo uma nova Bíblia? Positivamente, respondemos: Não. Constituem eles um acréscimo ao Cânon Sagrado? Respondemos outra vez sem reservas: Não. No que denominamos a Santa Bíblia, acha-se compreendida uma todo-suficiente revelação, mostrando a origem do homem, a entrada do pecado, as providências da graça divina para sua redenção tal como nos é apresentada no evangelho do Senhor Jesus Cristo, os passos necessários para tornar esse evangelho eficaz na vida humana pela obra do arrependimento e o exercício da fé pela operação do Espírito Santo, e as sentenças finais de vida ou morte a serem dadas aos que aceitam esta salvação gratuita ou aos que rejeitam os oferecimentos da grande misericórdia de Deus.

Em Sua providência, Deus selecionou dos escritos dos profetas da antiguidade as partes que encerram a expressão de Sua divina vontade mais apropriadas a constituir um grande roteiro espiritual para todas as nações, todos os tempos e condições. Não era evidentemente o desígnio divino que qualquer instrução que Seu Espírito comunicasse a Sua igreja nos últimos dias fosse considerada como acréscimo ao completo Cânon da Escritura.

Não somente os escritos da Sra. E. G. White não devem ser considerados como qualquer acréscimo à Bíblia, mas só na medida em que eles resistem à prova do Cânon Sagrado podem ser aceitas suas reivindicações. Em verdade, é pela Bíblia que os escritos da Sra. E. G. White e de qualquer outra pessoa que pretenda possuir revelação divina devem ser julgados. A Bíblia é a grande medida, ou regra, pela qual todos os outros escritos devem ser provados. A veracidade dessas declarações dá a mensageira do Senhor decidido testemunho. Citamos de uma de suas principais produções, como segue:

"Em Sua Palavra, Deus comunicou aos homens o conhecimento necessário à salvação. As Santas Escrituras devem ser aceitas como a revelação autorizada e infalível de Sua vontade. Elas são a norma do caráter, o revelador das doutrinas, e a prova da vida de cada indivíduo. 'Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.' II Tim. 3:16 e 17.

"Todavia o fato de Deus haver revelado ao homem Sua vontade por meio de Sua Palavra, não tornou desnecessária a contínua presença e guia do Espírito Santo. Ao contrário o Espírito foi prometido pelo Salvador, a fim de abrir as Escrituras a Seus servos, para iluminar e aplicar seus ensinos. E uma vez que foi o Espírito de Deus que inspirou a Bíblia, é impossível que o Seu ensino seja alguma vez contrário ao da Palavra.

"O Espírito não foi dado - nem pode jamais ser concedido - para substituir a Bíblia; pois as Escrituras explicitamente declaram que a Palavra de Deus é a norma pela qual todos os ensinos e vidas têm de ser provados. Diz o apóstolo João: 'Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.' 1 5. João 4:1. E Isaías declara: 'A lei e ao testemunho: se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não têm iluminação.' Isa. 8:20." - O Grande Conflito, pág. 9.

 

Apresentados "Sob Falso Aspecto"

A Sra. E. G. White declara, não somente que os Testemunhos não são "um acréscimo à Palavra de Deus", mas que aqueles que assim ensinam os apresentam "sob falso aspecto". O principal objetivo dos Testemunhos é dar melhor compreensão das Escrituras. A Palavra de Deus lida com grandes princípios gerais. Em seus escritos, a Sra. E. G. White tomava esses grandes princípios e os desdobrava em detalhes. As grandes verdades da Bíblia são simplificadas. Citamos mais uma vez:

"'O irmão R confundia a mente procurando fazer parecer que a luz que Deus tem dado por meio dos Testemunhos é um acréscimo à Palavra de Deus; nisto, porém, ele apresenta o assunto sob falso aspecto. Deus houve por bem levar por essa maneira a mente de Seu povo à Sua Palavra, para dar-lhes mais clara compreensão dela.' 'A Palavra de Deus é suficiente para iluminar a mente mais obscurecida, e pode ser compreendida por aqueles que tiverem qualquer desejo de entendê-la. Não obstante tudo isto, porém, alguns que professam fazer da Palavra de Deus seu estudo, são encontrados a viver em positiva oposição a seus mais claros ensinos. Então, para deixar os homens e as mulheres sem escusa, Deus dá claros e incisivos testemunhos, levando-os de volta à Palavra que negligenciaram seguir.' 'A Palavra de Deus é farta de princípios gerais para a formação de corretos hábitos de vida, e os Testemunhos, gerais e individuais, foram destinados a chamar-lhes a atenção mais especialmente para esses princípios."' - Testimonies, vol. 5, págs. 663 e 664.

"Os Testemunhos escritos não são para comunicar nova luz, mas para impressionar vividamente o coração com as verdades da inspiração que já foram reveladas. O dever do homem para com Deus e Seus semelhantes, foi distintamente especificado na Palavra de Deus; todavia apenas poucos dentre vós são obedientes à luz comunicada. Não é trazida luz adicional; porém Deus, pelos Testemunhos simplificou as grandes verdades já comunicadas, e pelo meio de Sua escolha, apresentou-as ao povo para lhes despertar e impressionar a mente com elas, de modo que todos fiquem sem escusa. ... Os Testemunhos não são para amesquinhar a Palavra de Deus, mas para exaltá-la, e atrair as mentes para ela, para que a bela simplicidade da verdade impressione a todos." - Idem, pág. 665.

 

A Estima da Bíblia por Parte da Sra. E. G. White

A compreensão da Sra. E. G. White quanto à relação que há entre seus escritos e a Bíblia, foi novamente salientada nestas palavras:

"Pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para guiar homens e mulheres à luz maior." - O Colportor-Evangelista, pág. 125.

A estima em que a Sra. E. G. White tinha a Palavra de Deus, e a maneira por que ela recomendava o seu estudo aos outros, são bem expressas nas seguintes palavras:

"Que livro se pode comparar com a Bíblia? O conhecimento de seus ensinos é essencial a toda criança e jovem, e aos que são de idade madura; pois ela é a Palavra de Deus, dada a fim de guiar a família humana para o Céu. Há no mundo hoje muitos deuses e doutrinas muitas. Sem uma compreensão das Escrituras, é impossível à mocidade entender o que é a verdade, ou discernir entre as coisas sagradas e as comuns.

"A Palavra de Deus deve ser tida como o mais elevado livro educativo de nosso mundo, e ser tratada com reverente temor. Deve ser posta nas mãos das crianças e jovens como o grande compêndio, a fim de que possam possuir de Deus aquele conhecimento correto que significa vida eterna.

"Que conhecimento mais importante se pode obter do que aquele que esboça a queda do homem, e as conseqüências do pecado que abriu sobre o mundo a maré de desgraças; que fala a respeito do primeiro advento de Cristo? A encarnação de Cristo, Sua divindade, Sua obra expiatória, Sua maravilhosa vida no Céu como nosso advogado, o ofício do Espírito Santo, sim, todos estes temas vitais do cristianismo estão revelados desde o Gênesis até ao Apocalipse. Cada um é um elo de ouro na cadeia perfeita da verdade. Por que, pois, não deveriam as Escrituras ser exaltadas em cada escola de nosso pais?" - Conselhos aos Professores, pág. 385.

 

A Bíblia, Nossa Única Regra de Fé

Toda doutrina deve ser provada pela Palavra Sagrada. Se qualquer crença não resiste a esta prova, provém das trevas, não da luz.

"Por mais que uma pessoa avance na vida espiritual, jamais chegará ao ponto em que não necessite investigar diligentemente as Escrituras; pois nelas se encontram as provas de nossa fé. Todos os pontos de doutrina, mesmo que hajam sido aceitos como verdade, devem ser comparados com a lei e o testemunho; se não podem resistir a essa prova, 'é porque não têm iluminação'." -Testimonies, vol. 5, pág. 575.

"Não torneis as lições da Escola Sabatina áridas e destituídas de vida. Deixai na mente a impressão de que a Bíblia, e ela tão-somente, é nossa regra de fé, e que os ditos e feitos dos homens não devem servir de critério para nossas doutrinas ou ações." - Testimonies on Sabbath School Work, pág. 32.

"A Bíblia é nossa regra de fé e doutrina. Não há coisa alguma mais de molde a comunicar vigor à mente e robustecer o intelecto, do que o estudo da Palavra de Deus. Nenhum outro livro é tão poderoso para elevar os pensamentos ou fortalecer as faculdades, como as vastas verdades da Bíblia. Se a Palavra de Deus fosse estudada como deveria, os homens possuiriam uma amplitude mental, uma nobreza de caráter, uma estabilidade de propósito que raramente se vêem neste tempo." - Obreiros Evangélicos, pág. 249.

 

Os Fundamentos de Nossa Fé

Os fundamentos da fé mantida pelos adventistas do sétimo dia assentam na Palavra de Deus. Eles foram desenvolvidos pelo estudo desta Palavra. Isto é devidamente declarado por Tiago White na Review and Herald de 16 de outubro de 1855:

"Mas o que merece especial atenção aqui, é o uso indevido que alguns estão fazendo das visões. Aproveitam-se dos preconceitos comuns contra as visões, apresentam-nas falsamente, e os que não estão dispostos a unir-se a eles em anatematizá-las como obra de Satanás, empunham então qualquer ponto de vista mantido pelo corpo dos observadores do sábado como o 'ponto de vista das visões' e não o ponto de vista bíblico a esse respeito. Assim se pode suscitar no espírito de alguns um preconceito profano contra qualquer crença, e mesmo por todas as crenças mantidas pelo corpo de cristãos chamados adventistas observadores do sábado. Esta direção foi e está sendo seguida quanto às questões da besta de dois chifres, do santuário, do tempo do começo do sábado, e do período do estabelecimento do reino de Deus na Terra. Deve-se entender aqui que todos esses pontos de vista, tais como são mantidos pelos observadores do sábado, foram tirados das Escrituras antes de a Sra. E. G. White ter qualquer visão a seu respeito. Essas maneiras de pensar baseiam-se nas Escrituras, como seu único fundamento."

Quanto à relação dos Testemunhos para com a Bíblia, Urias Smith, num editorial da Review and Herald de 18 de outubro de 1887, fez a seguinte declaração:

"'À Lei e ao Testemunho: se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não têm iluminação.' (Trad. Trinit.) Todos os dons do Espírito na igreja, precisam ser provados por essa maneira. Ora, é evidente que aquilo que prova ocupa lugar mais elevado que o que é provado. Isto, numa palavra, exprime nossa idéia da posição relativa que mantêm entre si a Bíblia e as visões. Mas quando uma manifestação concorda com a Palavra, e apresenta toda demonstração de que é manifestação genuína do Espírito de Deus, nós a submetemos ao próprio que apresenta as objeções, para que diga até onde as podemos menosprezar, ou desprezar ou transgredir impunemente seus ensinos. Durante os últimos dezenove anos, isto tem permanecido como o expoente dos pontos de vista deste povo nesta questão."

Ao encerrar este aspecto de nossa consideração, citamos adequada ilustração empregada pelo Pastor Smith num editorial da Review and Herald, intitulada "Rejeitamos nós a Bíblia ao Apoiar as Visões?"

"Imaginemos que estamos prestes a partir de viagem. O dono do navio dá-nos um livro de orientações, dizendo que ele contém instruções suficientes para toda a nossa viagem, e que se as atendermos, chegaremos a salvo a nosso porto de destino. Ao fazer-nos à vela, abrimos o livro a fim de conhecer-lhe o conteúdo. Verificamos que seu autor estabelece princípios gerais para nos governarem durante a viagem, e instrui-nos o quanto possível, tocando nas várias contingências que possam surgir até ao fim; mas diz-nos também que a última parte de nossa navegação será especialmente perigosa; que os aspectos da costa variam sempre em virtude das areias movediças e das tempestades; 'mas quanto a esta parte da jornada', diz ele, 'arranjei um piloto para vós, o qual vos procurará e dará orientações segundo as circunstâncias que vos rodearem e os perigos puderem exigir; é preciso que lhe deis ouvidos.'

"Com estas orientações, chegamos aos perigosos tempos indicados, e aparece o piloto, segundo a promessa. Alguns dentre a tripulação, no entanto, ao oferecer ele seus serviços, insurgem-se contra ele. 'Temos o livro original de instruções', dizem, 'e isto nos basta. Firmamo-nos nisto, e nisto apenas; não queremos suas orientações.' Quem dá agora ouvidos ao original livro de orientações: os que rejeitam o piloto, ou os que o recebem, segundo as instruções do livro? Julgai.

"Alguns, porém, por falta de percepção, ou falta de princípios, ou pela efervescência de um preconceito indomável, seja uma pessoa ou todas conjugadas, podem enfrentar-nos da seguinte maneira a esse respeito: 'Então o senhor queria que aceitássemos a irmã Ellen G. white como nosso piloto, não é?' E para prevenir quaisquer esforços nessa direção, que escrevemos esta sentença. Não dizemos tal coisa. O que dizemos, é simplesmente isto: que os dons do Espírito nos são dados como piloto através destes dias perigosos, e onde quer, ou em quem quer, que encontremos genuínas manifestações dos mesmos, cumpre-nos respeitá-las, e não podemos fazer de outro modo sem estar assim rejeitando a Palavra de Deus, que nos dirige no sentido de as recebermos. Quem está então firmado na Bíblia, e nela tão-somente?

"Ninguém se atemorize, pois, com esse falso alarme. Um momento de consideração revelará quem aceita a Bíblia, e quem a não aceita. Quem quer que a aceitar inteiramente, fará o mesmo ao piloto, segundo as orientações dadas por ela. Não rejeitamos, portanto, mas obedecemos à Bíblia ao apoiar as visões; ao passo que da mesma forma a rejeitaríamos e lhe desobedeceríamos, se recusássemos acatar as providências por ela tomadas em favor de nosso conforto, edificação e aperfeiçoamento." - Review and Herald, 13 de janeiro de 1863.

(Extraído do livro O Testemunho de Jesus, de Francis M. Wilcox, capítulo 10, págs. 73 a 80, impresso pela Casa Publicadora Brasileira, 3ª edição, 1993.)

Leia mais sobre o dom profético de Ellen G. White.

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