DSA Realiza "Campanha Nacional de Vacinação Anti-Críticas"

Neste final-de-semana, realizou-se em Campo Grande, MS, mais uma etapa da "campanha de vacinação anti-críticas" promovida pela Divisão Sul-Americana, com o apoio da União Central Brasileira e Associação Paulistana. Com duração de três a quatro dias, esses eventos reúnem principalmente representantes do setor de Mordomia dessas três instâncias: Divisão, União e Associação. O objetivo óbvio é reconquistar a simpatia e confiança da liderança leiga, recentemente abaladas por denúncias de incorreta aplicação dos dízimos e abusos de poder de toda espécie. 

Obviamente, só os irmãos mais endinheirados e influentes participam desses encontros realizados nos melhores auditórios disponíveis e, preferencialmente, longe dos olhos dos demais irmãos. Assim, privilegiam-se alguns para que se sintam prestigiados por esse tratamento especial, como se a transparência quanto à aplicação dos recursos da igreja não fosse um direito de todos. 

No sábado, nas igrejas maiores e formadoras de opinião, a ordem é valorizar a importância da participação e fidelidade dos leigos nas palestras e sermões, dando-lhes a impressão de que realmente há um plano de evangelização mundial em andamento e que a Organização estaria trabalhando noite e dia no apressamento do retorno de Cristo. Paralelamente, desenvolve-se uma sutil "vacinação espiritual" da irmandade, contra o espírito de crítica e avaliação da conduta dos administradores, comumente descritos como "ungidos do Senhor" a quem ninguém pode julgar. Os Intocáveis, em cartaz numa Associação bem perto de você!

Neste sábado, na igreja central de Campo Grande, MS, essa tarefa esteve a cargo do Pastor Acílio Alves Filho, presidente da Associação Paulistana e, ao que tudo indica, candidato em campanha pela presidência da União Central Brasileira, caso Tércio Sarli - apesar de tudo que já ficou demonstrado aqui - seja eleito presidente da Divisão. O jogo de cartas marcadas é tão explícito que o pastor Acílio não teve como disfarçar sua satisfação ao ser abraçado e efusivamente cumprimentado pelo pastor Cláudio Belz, já jubilado, que se referiu a ele como "futuro presidente da UCB". 

O critério para sua escolha como sucessor de Tércio Sarli parece ter sido o fato de a Associação que preside ser a número um em arrecadação de dízimos no Brasil. Acílio teria marcado pontos também ao expressar plena fidelidade à DSA quando lhe pediram num prato a cabeça do jovem líder da igreja de São João Clímaco, SP, Ricardo Nicotra, que ousou insistir na idéia do "sacerdócio universal de todos os crentes", o que dá também aos leigos o direito de decidir como melhor utilizar seu dízimo. O rapaz foi excluído irregularmente sem nenhuma chance de defesa.

Maneiras Agradáveis

O sermão do pastor Acílio baseou-se no relato da parábola dos trabalhadores na vinha, que está em São Mateus 20:1-15. Do ponto de vista da oratória, um sermão perfeito. O presidente da Paulistana é homem de maneiras agradáveis, coloca bem a voz. Só não conseguiu disfarçar o sorriso de "missão cumprida" ao terminar o sermão e retornar para sua cadeira na plataforma. Ao lado, aparentemente satisfeito e honrado por sentar-se ao lado do provável futuro presidente da UCB, estava o pastor distrital.

Embora estivesse na Igreja Central que congrega a elite adventista campograndense, o pastor Acílio Alves foi, no mínimo, deselegante, ao tecer comentários jocosos quanto às características dos irmãos sem muitos recursos financeiros. "Pobre pode ter problema de visão, mas dinheiro ele enxerga longe." E citando Oscar Wilde: "Só há uma classe que gosta mais de dinheiro do que os ricos, os pobres!" Ele se referia aos trabalhadores que iniciaram a jornada mais cedo e reclamaram por haver recebido valor idêntico ao de quem começou já no fim da tarde. 

A partir daí, começou a desenvolver um paralelo entre os que reclamam e os que estariam tão agradecidos a Deus que, boquiabertos, nada conseguem dizer. "Quem se julga injustiçado, reclama. Mas o agradecido nem sabe como se expressar," disse ele, insinuando que reclamar ou criticar a liderança é coisa de pobre, desequilibrado e ingrato.

Um raro lampejo de sinceridade brilhou em seus olhos, quando, citando um colega teólogo, disse: "Há muito mais coisas boas em gente ruim do que você imagina. E há muito mais coisas ruins em gente boa do que você pensa." Mas a confissão parou por aí. Afinal de contas, seu recado último não era esse. Embora se imaginasse que pregaria sobre mordomia, o recado central do sermão era: "Deixe tudo nas mãos de Deus e não se impressione com críticas e reclamações." Tem a ver com "mordomia", mas não aquela da Bíblia.

Só não percebia esse claro objetivo do sermão, aqueles que se mantêm iludidos pela crença na continuidade incondicional da direção divina para a igreja adventista, ainda que a maioria de seus líderes esteja em pecado. (Nenhuma promessa é incondicional, irmão!)

Outro golpe baixo foi garantir a permanência do status quo, acariciando o pecador com uma mensagem que só lhe confirma no erro, sem lhe provocar nenhum desejo de mudança ou arrependimento. "Deus é o soberano juiz, irmãos. Ninguém tem nada a ver com o que pastor faz, ninguém tem nada a ver com o que o irmão faz, ninguém tem nada a ver com a sua e com a minha vida." A conclusão é óbvia: "Continue do jeito que você está porque ninguém pode lhe dizer nada. Deus não envia Seu Espírito para constituir fiscais na igreja."

Das cinco lições que tentou extrair da parábola, uma se sobressaiu: "A igreja não deve nada para ninguém. Nós é que devemos. Eu, por exemplo, sou filho de analfabeto e só cheguei onde estou porque essa igreja me deu oportunidade. Tudo que sou, devo à igreja..." Mas ele não se referia à igreja-membros que estava ali diante dele e que sustenta essa obra-monstro através de seus dízimos e ofertas. Falava da Organização que lhe deu prestígio e poder. E quis dizer que o membro tem também uma grande dívida para com ela, invertendo assim completamente os valores. 

Para encerrar, citou uma ilustração atribuída ao pastor José Maria Barbosa: "Imagine que a igreja fosse a seleção brasileira de futebol e o treinador, Jesus Cristo. Ele se aproxima de você e convida para entrar em campo com a seleção, depois permite que você se assente no banco de reservas e, finalmente, que entre em campo nos cinco minutos finais de uma goleada de 30 a zero..." 

Moral da parábola (conclusão minha): "Não faz diferença alguma seja o que for que eu ou você façamos nessa altura do grande conflito, a partida já está ganha pelo time de Deus. Só nos resta permanecer com a equipe para participar do recebimento do troféu. Sem reclamar de colegas que estejam sendo displicentes ou mesmo que façam gols contra. Não dá mais tempo para nada. Vamos celebrar a vitória!"

Esses são apenas alguns exemplos de como a igreja adventista brasileira está sendo "vacinada contra críticas" a mando de líderes apóstatas, que se valem de sermões e palestras encomendados a subordinados, cujo único objetivo é também perpetuar-se no poder.

Deus o detenha, Pastor Acílio! - Robson Ramos

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