Dízimo e Música Sacra Não se Discutem

Caríssimos irmãos e amigos em Cristo,

Estive há pouco lendo algumas coisas sobre a música na Igreja e gostaria de posicionar-me a respeito.

Há certos assuntos que geram discussões acaloradas e infinitas. No cotidiano, se um grupo de pessoas resolve tratar de política ou religião... Bem, podem-se passar dias até que se chegue à conclusão de que tal discussão que jamais deveria ter sido iniciada, uma vez que não se chega a lugar algum (em termos de uma conclusão razoável). Cada pessoa possui certas convicções das quais não abre mão e as defende como pode utilizando os mais diversos argumentos, quanto maior for a habilidade retórica...

Assim mesmo na Igreja é quando se resolve debater música ou os dízimos. A primeira coisa sobre a qual precisamos ponderar é a seguinte: música e dízimo foram ambos instituídos por Deus como parte da adoração terrestre e quanto a isso acredito não haver qualquer discordância.

A questão me parece mesmo ser o que tem feito o homem desses instrumentos santos de adoração criados pelo Altíssimo; vamos a eles.

Não quero me deter sobre a questão dos dízimos pois não é esse o ponto a que me propus referis aqui. Entretanto, gostaria de dizer algo que considero de fundamental importância e é segundo esse pensamento que costumo conduzir minhas ações: Se foi o dízimo instituído por Deus, o Senhor Jeová, o Deus de Abraão e Isac... Então é minha obrigação de fé devolver a décima parte daquilo com que o Senhor me abençoa. O que vão os líderes fazer com ele, se vão dar aos pobres, enlarguecer suas contas bancárias ou empregar tais proventos em negócios ilícitos...

Certamente, se eu digo que creio em Deus como a Bíblia Sagrada o descreve (Onipotente e Onisciente) preciso crer que Ele, muito mais do que eu, está ao par de tudo e saberá, na hora adequada, cobrar explicações a quem de direito. Se eu pretendo, entretanto investigar e ajuizar sobre esse ou aquele procedimento de algum homem, o que de fato estou a fazer é dar claras provas de que não acredito no total poder de Deus para agir e resolver tais problemas. Considero-me assim, procurador do Onipotente na Terra!

Quanto à questão da música que é o foco de minha discussão agora tenho o seguinte a refletir e gostaria de convidar o leitor a passear comigo em meus argumentos.

Há, no ambiente ideológico da religião, espaço para os dogmas, preceitos irrevogáveis os quais, nós, Adventistas do Sétimo Dias julgamos achar nas Sagradas Escrituras e as questões socio-culturais sobre as quais não legisla a Bíblia e que a meu ver, parece ser a região de embate de todas as discussões a esse respeito.

Consideremos irmãos do norte da África que são alcançados por missionários e que se tornem crentes no Senhor. Muito bem, aqueles homens e mulheres conhecem uma certa realidade cultural o que envolve manifestações como a língua, o pensamento filosófico e também a expressão artística. Há, naquela região, por que não dizer uma "cultura" musical, uma maneira de se expressar pela música... Por que querer que aqueles irmãos adotem como forma de expressão a música dita "européia", que é a mais aceita no meio religioso, quando eles já conhecem uma forma de se expressar e, conseqüentemente, se falamos de louvor, de adorar?

Se originalmente seus instrumentos e ritmos são utilizados em cultos satânicos, que passem a utilizar os mesmos instrumentos e ritmos para o louvor a Deus! Assim como em um instrumento como o piano podem-se executar a uma tanto a música sacra quanto o jazz, o rock, o rap, o regae e até mesmo o samba "produto nacional". Não é o instrumento ou o ritmo que faz a adoração ou deixa de fazê-lo. A idéia de querer impor certo comportamento cultural a qualquer povo me parece muito mais danoso do que o uso que esse ou aquele possa fazer daquilo que possui para louvar.

O Brasil é um país sem qualquer identidade musical; na verdade se tem tentado criar uma identidade nacional desde os tempos da Condição Colonial... sem sucesso! Se não há entre nós uma cultura musical historicamente consolidada, partimos para os empréstimos... Estando sob o jugo econômico de uma nação como a Norte-americana, nada mais razoável do que querermos nos comportar culturalmente, e por que não dizer, musicalmente como nossos irmãos americanos do Norte, ou não!?

O que me parece terrível é que, mesmo estando numa situação como essa, queremos, aqui e ali, nos posicionar desse ou daquele ângulo quanto às questões musicais.

Deixando de lado a questão sociológica e adentrando o terreno espiritual, acredito que Deus está pouco ou quase nada interessado em nossas vãs filosofias sobre esse ou aquele assunto. O que importa ao Senhor são corações contritos que se interessem em louvá-lo. Palmas para os que o fazem (que fique bem entendido, as palmas aqui são recurso retórico de apoio e incentivo, não um louvor pessoalmente direcionado).

Há músicas e estilos e instrumentos que se adequam ao ambiente santo da IGREJA e há outros que não. O que não quer dizer que se deva, definitivamente, execrar tais cantos e instrumentos de nosso meio e de nosso compêndio musical sacro. Que se saiba fazer apreciação devida de adequação disso ou daquilo para esse ou aquele ambiente.... e que se louve mesmo a Deus com tudo aquilo que Ele nos disponibilizar.

Bem, se não há tantos instrumentistas assim em nossa Igreja que possam trabalhar na gravação dos nossos cd´s... Qual é o mal em se ter outras pessoas que não crêem trabalhando na obra? Se Noé pensasse dessa maneira, que só aqueles que crêem podem trabalhar na causa, a arca jamais teria sido finalizada... e nós sabemos, pela própria irmã White que aqueles que trabalharam na construção da arca não foram salvos porque não creram... Mas os relatos não nos dizem que foram impedidos, por essa razão, de trabalhar para que outros fossem salvos (cite-se Noé e sua família).

Outrossim a questão das performances de nossos grupos musicais não deveria ser tanto objeto de nossas discussões e preocupações quanto um sondar-nos a nós mesmos a cada dia e tentarmos descobrir se a nosso vida está sendo conduzida da maneira que Ele, o Senhor, gostaria que fosse. Se há o talento, que se o use! Se isso está sendo feito para a glória de Deus ou não... Quem pode saber? Há alguém que não seja Deus, que tenha esse poder?

"Pelos frutos os hei de conhecer" como se tem usado esse texto para se debater certas coisas... O pior é que se tem usado esse texto para se considerar promotores do céu e investigar a vida de quem canta ou prega na Igraja. O mesmo Deus que disse "pelos frutos os conhecereis", também disse: "Não fiquem cuidadosos sobre quem vai subir ao céu ou descer ao inferno. Isso, só a Deus compete." Palavras de Jesus.

Quando passamos a cogitar sobre esse ou aquele irmão que se comporta dessa ou daquela maneira, estamos nos colocando na posição de juízes. E sabemos que nos foi dito: "Na mesma medida em que julgares, assim também serás julgado". Não me parece menos agressivo a Deus a atitude de nos assentarmos no trono e julgarmos nossos irmãos do que a de quem pretende louvar para exaltar a si mesmo. Estão ambos em pecado... e nada se pode fazer por nenhum deles, a não ser orar.

O fato é que precisamos um pouco mais considerar sobre nossas próprias vidas e deixarmos que o Poderoso, Onipotente e acima de tudo justo DEUS legisle e pronuncie a sentença sobre os pecados dos homens. Se agimos de maneira contrária, estamos deliberadamente dizendo: "Bem, Deus, como você parece mesmo não ter muita competência para resolver tais e tais problemas da Igreja, deixa que a gente aqui pode e vai fazer algo. Vai ver que está mesmo na hora de você "pendurar as chuteiras"... Passar a eternidade toda resolvendo problemas, deve ser mesmo muito cansativo. O sétimo dia não deve ter dado para descansar nem de um bilionésimo de todos esses problemas. Deixa que a gente assume daqui em diante..."

E aí, queridos, estamos repetindo um discurso e revitalizando a história de alguém que um dia quis ter tanto poder quanto o próprio Altíssimo.

Pensem sobre isso... -- P. M. Junior, Professor Universitário, ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA.

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