Pobre Menina dos Olhos de Deus

Uma irmã de nossa igreja estava cuidando, por alguns dias, de uma menininha de 4 anos. Uma gracinha! A mãe, solteira, infelizmente não cumpre nem de longe seu papel. Quando eu a vi, a menina estava com feridas infeccionadas pelas pernas (por falta de higiene), os dentes todos cariados (podres mesmo!) e várias indicações de picadas de insetos noturnos. Lastimável aspecto. A personificação do descuido e desleixo. O trágico é que esta menininha vivia na companhia da pessoa que deveria naturalmente externar-lhe a maior porção de amor e carinho nesta terra: sua mãe.

Enquanto conversava com a irmã, sobre a situação, a nossa menininha caiu de uma rede, bateu a cabeça e veio chorando para nosso lado. A irmã a pegou no colo, enquanto esta chorava e chamava pela mãe. "Incrível, comentou a irmã, "apesar de toda esta tortura, pode se dizer, e falta de amor, ela ainda chama pela mãe depois de ter se machucado."

Isto me fez refletir! Eu poderia chegar para aquela menininha e bombardear: "Sua mãe é desumana. Veja o que ela tem feito a você. Seus dentinhos estão podres porque ela não os escova nem lhe ensina a escovar. Você terá problemas dentários para o resto da vida. Esses dentes podres impedirão que os permanentes nasçam forte e corretamente. As feridas nas suas perninhas, também deixarão marcas profundas, coisa que poderia ser evitada se ela apenas lhe desse banho. Em vez de chamar por ela, você deveria gritar, neste momento de dor, pelo nome da tia Maria, que está cuidando realmente de você, e não daquela que botou você no mundo só para sofrer."

Vocês acham que eu conseguiria algum resultado? Sem chance...

Pobre menina

Pobre menina, fico a imaginar. Que chances você têm na vida?. O que lhe reserva o futuro? O caso é real e a mãe dela está grávida de novo de alguém que não é seu pai. Moram praticamente num lixão. O dinheiro que a mãe consegue dificilmente se converte num brinquedo para ela. Mal dá para os cigarros e álcool.

Pobre IASD, que vive do refrão: "Somos a menina dos olhos de Deus, somos a menina dos olhos de Deus..." Nosso povo está aí, a sofrer com o abandono e descaso daqueles que ganham (e muito bem) para atendê-lo em suas necessidades, carências espirituais e psicológicas. Se não o fazem por amor, deveriam fazê-lo por dever. A verba para isto existe em abundância, ironicamente, provinda daqueles próprios que necessitam de amparo e aconselhamento.

Como naquela menininha, cresce o número das feridas, das feridas na alma do povo do advento e, assim como aquela inocente criança, não têm nossos irmãos consciência do que essas mazelas representarão num futuro incerto, ou seja, um remanescente fraco espiritualmente, um povo moldado à conveniência de seus líderes, nivelado pela espiritualidade de seus líderes. Um povo mal preparado para as terríveis provas que já nos estão assolando.

Preparação cada vez mais deficiente de candidatos ao batismo (fato) x inexistência de visita pastoral (fato) x púlpito fraco com mensagens ideológicas (fato) x arrogância por nos considerar o povo da bíblia, os sabe-tudo = frustração por ter tudo, todas as condições e não corresponder. A Sra. White diz que nem um em vinte iria se salvar na IASD, já antevendo o caos espiritual que atravessamos, que mais poderíamos acrescentar? Igrejas se perdendo com pastor e tudo, ainda segundo Ellen White. Esse refrão não se ouve como alerta. Afinal, somos a menina dos olhos...

Como a menininha de nossa tétrica história a clamar em meio às lágrimas e soluços pela irresponsável mãe depois de cair da rede, as ovelhas ainda se apegam, clamam pelo nome dos mercenários que se passam por pastores. As ovelhas ainda optam em ficar ao lado de um pastor que não está nem aí com elas ao invés de ficar do lado de um ancião agora excluído que as tratava com maior carinho e atenção. (No caso São João Clímaco, estive lá e vi como era o desempenho do irmão Ricardo Nicotra.)

Liderança adaptada

Certa vez um pastor me confidenciou que temos que moldar a liderança de acordo com as pretensões do povo. Se o povo quer Saul, vamos dar Saul e o que ele representa. Se o povo então, concluo, quer rédea solta, quer o mundo na igreja através da música, roupas, alimentação, liberdade sexual, a liderança (assalariada) deve lhe dar isso sem discutir ou censurar. Vamos nivelar pelos liberais pois são em maior número!

Esta dependência total de líderes para saber o que fazer é uma lástima para qualquer povo, ou sociedade. Hoje na IASD os pastores detêm (e devem se orgulhar disto) uma dominação quase que completa da vontade de seus comandados. Isto é fato. Se na última reunião da Associação Geral em Toronto, por exemplo, deliberassem guardar o domingo e não mais o Sábado, toda a população adventista (menos os "hereges" da atualidade), acatariam a decisão.

Talvez ficassem meio confusos no início, mas, depois de umas boas explicações e lavagem cerebral, logo estariam acomodados e submissos ao primeiro-dia da semana. Não estou exagerando não. Vi, vivi, situações dentro da IASD onde a sujeição da mesma a determinações da liderança foi na mesma proporção do exemplo que dei acima.

Ah! Cadê os bereanos do século XXI? Isto não é bom, não é bom mesmo. Que perigo! Um Assim diz o Senhor é substituído sem pestanejar por um assim diz o pastor, ou presidente ou tesoureiro de Associação.

 

A pequena menina do relato inicial, porém, vai crescer e, quando entender que as cicatrizes em seu corpo e mente poderiam ter sido evitadas, talvez não terá (que pena) mais preferência pela sua mãe, apenas por ser mãe, mas sim, preferência por aqueles que realmente a amaram e amam, preferência por aqueles que interromperam a seqüência de violências e lhe deram dignidade.

Torço para que nossos queridos irmãos se libertem do tradicionalismo e que prefiram a Jesus e não a líderes. Que valorizem aqueles que os amam e não aos rotuladas de pastores. Que compreendam aqueles que realmente trabalharam por sua disciplina e crescimento. Que questionem e denunciem os erros e injustiças cometidas por aqueles que dominam com títulos e não com o coração. Que amem e sigam seus pastores como guias, somente até onde eles estiverem em conexão com Cristo. Jesus foi claro: "Meu pai e minha mãe são aqueles que fazem a vontade de Meu Pai que está no céu."

E para saber se eles, pastores, estão em conexão com Cristo, se estão conduzindo um povo regidos pelo que está escrito, você mesmo, individualmente, precisa buscar um verdadeiro conhecimento de quem foi Jesus, o que Ele valorizava, o que Ele espera de Seus seguidores atuais. Só vá atrás de seu pastor, mesmo quando ele não estiver caminhando ao lado de Jesus, se for para resgatá-lo de seus pecados!

Entendo enfim que esclarecer para a pequena que caiu da rede o real caráter de sua mãe, talvez só iria fazê-la sofrer ainda mais. Dificilmente ela entenderia que estava assim por causa da mãe. Penso que o melhor seria conversar com a mãe então. Incentivá-la a mudar, a ver a loucura de suas atitudes. Sim, este seria o melhor caminho, indicado pela Bíblia enfim. E se a mãe não desse ouvidos e em nada se modificasse? Deixaríamos a menina ser deformada física e mentalmente debaixo de nossos narizes? Existem inúmeros textos bíblicos e do espírito de profecia que dizem em dueto: Não! Para o bem estar dela, para que tenha seus direitos de criança preservados e usufruídos, algo deve ser feito JÁ.

A Administração adventista já forjou sua condição de ouvidos moucos. A única esperança é alertar agora as crianças, a igreja de Cristo, para que entendam que as outras crianças (não-cristãos) estão morrendo sem conhecer seus direitos ao reino eterno, ao Éden restaurado, através do Salvador, pois recursos destinados para tal estão sendo mal aplicados.

Conclusão

A liderança assalariada não é a igreja. Faz parte dela, mas não a representa como um todo, assim como os três poderes ou o governo não são o povo brasileiro. Que Deus tenha misericórdia daqueles que assumiram a posição de líderes terrenos de Seu povo, misericórdia daqueles que devem zelar como clássicos pastores de Seu rebanho, curando as feridas das ovelhas, alimentando as ovelhas, abeberando as ovelhas, ampliando o rebanho das ovelhas. Vamos orar por eles. E se assim não procederem, não são dignos da função, nem das ovelhas. Um único e inconfundível exemplo nos foi dado.

Jamais poderemos, líderes e liderados, errar, sem que recaia sobre nós e somente sobre nós a culpa pelo mais fatal de todos os erros: a perda da pátria celestial. Que o Espirito Santo sacuda e desperte aqueles que buscarem a Deus de todo o coração e de toda a alma. -- Irmão Léo, Curitiba, PR.

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