Por Que Debater Sobre Encarnação, Perfeição e Justificação?

Em resposta ao artigo Para Debate: Justificação, Santificação, Perfeição de Azenilto G. Brito.

A primeira pergunta que talvez devamos fazer sobre este assunto é: Por que todo este debate em torno destes assuntos? Como tudo isso começou? É tão importante assim este tema? Por favor leia atentamente o texto que segue, extraído da introdução do livro Cartas às Igrejas de M. L. Andersen. É um alerta a todos os que amam a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Na década de 1950, a liderança americana da IASD entrou em acordo com líderes porta-vozes evangélicos americanos (Martin & Barnhouse), para que a IASD não mais fosse considerada uma seita, mas sim uma igreja como as demais igrejas evangélicas. Tanto assim que já em 1959, a IASD passou a fazer parte como membro cooperador do Concílio Nacional de Igrejas dos Estados Unidos, uma organização ecumênica.

Para tanto, a IASD, deveria abdicar de certas doutrinas fundamentais dos pioneiros adventistas, as quais são apoiadas pelo espírito de profecia. Dentre essas doutrinas fundamentais estão a da Encarnação, a qual os evangélicos e católicos crêem que Jesus encarnou com a natureza de Adão antes de sua queda, ou seja, Sua natureza seria isenta ou imune 'as paixões e 'as leis da hereditariedade que estão sujeitos os filhos de Adão, depois de sua queda.

Assim, a partir de 1957, os teólogos adventistas passaram a ensinar que Jesus veio com a natureza sem pecado de Adão, antes de sua queda, ao contrário do que ensinavam os pioneiros e a Sra White. Jesus seria apenas nosso substituto e não nosso exemplo a ser seguido. Com essa mudança teológica o mundanismo entrou na IASD, junto com o ecumenismo. Na ocasião, uma das raras vozes oficiais que se levantaram contra esse compromisso apóstata foi a do Pr. Andreassen (1876-1962), conhecido entre nós brasileiros como o autor do livro O ritual do Santuário.

Depois de tentar em vão fazer-se ouvir pela liderança apóstata da Igreja, ele escreveu seis longas cartas (estas cartas se encontram neste site, sob o título Cartas para as Igrejas, das quais retiro este pequeno trecho) as igrejas adventistas do mundo todo, denunciando toda essa conspiração ecumênico-doutrinária. Devido ao protesto do Pr. Andreassen, a Associação Geral, em 06.04.61, tirou suas credenciais e sua pensão por aposentadoria.

O leitor não terá dificuldade nenhuma para saber onde o autor foi buscar o raciocínio que expõe neste site, comparando os artigos anteriores sobre justificação pela fé. Também não será difícil concluir que, se o fundamento não está sólido, toda a sua estrutura estará comprometida. Assim, sobre este mesmo artigo, gostaríamos de iniciar aconselhando o autor do mesmo a que deixasse claro aos leitores que ele não crê no Espírito de Profecia, tampouco no que ensinaram nossos pioneiros, porque esta é a conclusão óbvia a que chegará qualquer um que leia sua exposição.

Assim, pediríamos a gentileza de colocar esta posição de forma clara e que por favor não use os textos do Espírito de Profecia (já que não crê neles) de forma a fazer parecer que eles devem ser descartados, usando-os para neutralizar sua importância principalmente num tema como esse, pois certamente eles invalidam seu raciocínio evangélico.

Usando apenas um dos próprios textos acima, com um pequeno adendo, poderá o Espírito Santo reverter o quadro a favor daqueles que como nós (perfeccionistas) cremos na inspiração dos escritos de Ellen G. White. Presunção? Não, o poder está na palavra e não em nós, e a promessa é a de que "a palavra não voltará vazia". Essa palavra tanto pode ser extraída da Bíblia ou da revelação, pois ambas foram inspiradas pelo mesmo Espírito.

"Pouca atenção é dedicada à Bíblia, e o Senhor concedeu uma luz menor (Espírito de Profecia) que conduz homens e mulheres à luz maior (Bíblia)."

Assim, os que cremos no ministério profético de Ellen White usaremos textos escritos por ela, pois sabemos que muitos adventistas também crêem como nós. É portanto principalmente a estes que endereçamos este artigo, embora estejamos pegando uma "carona" no anterior.

Seu artigo diz:

1 - ... muitos dos quais mantêm uma visão "perfeccionista", crendo, por exemplo, que Jesus Cristo tinha uma natureza "pecaminosa", herdada de Adão depois da Queda...

R - Sobre se Adão herdou a natureza de Cristo depois ou antes da queda, um só texto da Bíblia e outro da revelação são suficientes, já que o espírito não se contradiz:

Nisto conhecereis o ESPÍRITO DE DEUS: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo não veio em carne não é de Deus. (I João 4:2,3)

Não tentem nos colocar que esta carne não era bem carne de pecado, que era uma carninha, ou carnesinha, a Bíblia é sim, sim, não, não. A única explicação para carne é a carne de pecado, carne depois da queda, e não apenas depois da queda, mas muito depois, quatro mil anos depois.

"Satanás apontara o pecado de Adão como prova de que a lei de Deus era injusta, e não podia ser obedecida. Cristo devia redimir, em nossa humanidade, a falha de Adão. Quando este fora vencido pelo tentador, entretanto, não tinha sobre sí nenhum dos efeitos do pecado.

"Encontrava-se na pujança da perfeita varonilidade, possuindo o pleno vigor da mente e do corpo. Achava-se circundado das glórias do Éden, e em comunicação diária com seres celestiais. Não assim quanto a Jesus, quando penetrou no deserto para medir-Se com Satanás. Por quatro mil anos estivera a raça a decrescer em forças físicas, vigor mental e moral; e Cristo tomou sobre Si as fraquezas da humanidade degenerada. Unicamente assim podia salvar o homem das profundezas de sua degradação.

"...Tomou a natureza do homem com a possibilidade de ceder à tentação..." (DTN 117).

Quanto a se haverá uma geração de "imaculados" ou "perfeitos"... 

"Estes são os que não estão contaminados com mulheres, porque são virgens. Estes são os que seguem o cordeiro por onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como PRIMÍCIAS para Deus e para o cordeiro. E na sua boca não se achou engano: porque são IRREPREENSÍVEIS, diante do trono de Deus." (Apoc. 14:4 e 5)

Para negar a encarnação de Cristo pós-pecado, é necessário um grau de apostasia (para os professos adventistas) que permita negar a validade do espírito de profecia, e para negar a existência de um grupo especial, perfeitos, imaculados, é necessário um grau ainda maior, é necessário negar a própria bíblia, ainda que com ela aberta, tente-se de todos os modos demonstrar confiança no que ela diz.

Ficará demonstrado perante o universo que é possível guardar a lei de Deus, novamente? Isto não se completou em Jesus? Sua morte na cruz encerrou seu trabalho em favor de homem?

Que diz Paulo?

...Para que AGORA (depois da morte de Cristo), PELA IGREJA, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus... Efésios 3:10

A demonstração final do que Deus pode fazer na humanidade é feita na última geração que porta todas as enfermidades e fraquezas que a raça humana adquiriu através de seis mil anos de pecado e transgressão. Nas palavras da irmã White eles portam "os resultados da operação da grande lei da hereditariedade". DTN 48. Os mais fracos da humanidade devem ser submetidos às mais fortes tentações de Satanás, para que o poder de Deus possa ser abundantemente mostrado. "Foi uma hora pavorosa, terrível agonia aos santos. Dia e noite eles clamavam a Deus por libertação. Pela aparência exterior, não havia nenhuma possibilidade de eles escaparem. Primeiros Escritos, pág. 283.

Apelamos a todos aqueles que professam crer em Deus e em sua palavra. Vale a pena colocar-se numa posição tal que limite o poder de Deus, em responder novamente à acusação de Satanás, através de uma geração degradada como nenhuma outra, demonstrando assim a "Sua multiforme sabedoria?" Vale a pena arriscar a eternidade endurecendo o coração para uma verdade tão clara e incisiva?

Será tão difícil compreender que não está em jogo apenas quem está certo, mas a própria alma dos que rejeitam sistematicamente verdades tão essenciais ao povo de Deus, no momento em que vivemos? Será tão difícil perceber que colocando em Cristo uma natureza isenta das paixões, estamos em realidade concordando com o ensino católico de que Maria era um ser isento de pecado? Pois é óbvio que o ser que nasceu da semente Divina, só poderia ser divino-humano se combinasse a divindade do Pai com a humanidade de pecado de Maria.

Conclui-se então que se Cristo assumiu uma natureza carnal isenta de pecado, de quem ele herdou essa natureza carnal isenta? Só poderia ser de Maria, visto que foi da combinação genética dela que se construiu o corpo de Jesus. Por isso o catolicismo defende com unhas e dentes este engano, porque, de não ser assim, deverá o catolicismo forçosamente aceitar o fato de que Maria era pecadora como qualquer ser humano que tenha vivido.

Finalmente, se os habitantes não-caídos do universo não devem ser tão pouco inteligentes para não terem a percepção...de que tudo se definiu e tudo se comprovou na cruz, nada faltando ao está consumado, tampouco nós devemos menosprezar a sabedoria que Deus nos dá, e nos questionar. E o que então ainda estamos fazendo aquí? Pregar que na cruz tudo se consumou? Qual a razão de nossa existência se esta mensagem é a mensagem de todas as igrejas caídas, inclusive de Babilônia? E onde entra o ...está feito...continue o injusto na prática da injustiça...?

A partir daqui, diz o artigo em questão:

As ponderações ao final de cada parágrafo acrescentam alguns comentários pertinentes aos tópicos abordados. Foi composto com base em VÁRIAS FONTES, com trechos de muitas DIFERENTES OBRAS DE AUTORES ADVENTISTAS, especialmente nos parágrafos "ponderando".

Um artigo que inicia usando textos do espírito de profecia tão somente para excluí-lo, dando a entender que a bíblia e apenas ela deve ser usada como norma, e depois se vale de várias fontes, de muitas diferentes obras de autores (mesmo que) adventistas, para tentar validar seu raciocínio, (ainda que use textos da bíblia de forma adequada na maioria dos casos), mas, como dissemos anteriormente, tendo como base um fundamento errôneo, não nos parece equilibrado, razão pela qual não comentaremos o restante, a menos que irmãos se posicionem no sincero desejo de ver esclarecidos alguns pontos que porventura tenham dúvida e que obviamente entendamos poder fazê-lo, dadas nossas limitações.

Que tal tema possa ser devidamente ponderado por todos aqueles que amam a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, é o sincero desejo de vosso irmão em Cristo,

Rogério Buzzi

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