Desabafo de um Velho Adventista

Sempre me considerei um indivíduo razoavelmente instruído e capaz de discorrer sobre os assuntos relativos a Igreja adventista do Sétimo Dia. Quando vim para ela, a IASD ainda existia como tal, apesar de que já estava passando por "não pequenas modificações".

Era então o ano 1968 da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. E eu era então um jovem maduro, razoavelmente saudável, e me dediquei de "alma inteira" a pregação do evangelho e a criação de novos grupos e Igrejas para a IASD, no que Deus me deu a graça de ser razoavelmente bem sucedido.

Apesar de ter uma impressão pouco positiva sobre aquilo que na época eu conhecia como "Organização", nunca fui um crítico ou um contestador. Conheci de mais perto a dita Organização quando fui solicitado a instalar legalmente uma escola adventista e a dirigi-la recebendo por isso um estipêndio simbólico, que, à época, não cobria sequer o consumo de gasolina do meu possante Chrysler Esplanada 1969, última série. Mas eu fazia tudo por amor a "obra".

Passado um ano, com a escola já instalada legalmente, eu tinha meus contatos junto ao governo, e conheci de perto como funcionava a tal "Organização". Percebi que a língua falada por seus membros não era a mesma que eu conhecia. Fiquei tão assustado que pedi demissão imediatamente. Até porque o prejuízo financeiro já estava afetando meus bolsos. Pouca gente entendeu o meu pedido e na ocasião recebi até uma carta altamente elogiosa do departamental de educação. Guardo a carta até hoje, é muito significativa.

Continuei com minhas atividades evangelísticas e o Criador foi me abençoando muito. Mas a dificuldade de comunicação continuava, eu dizia coisas que os dirigentes da tal "Organização" não entendiam e eles diziam coisas que me deixavam confuso.

Nunca fui contestador e sempre me dediquei a ajudar a Organização. Quando surgiram os problemas com a Igreja de Poá, eu passei a acompanhar de perto, pois tudo me parecia muito estranho. Quando aquilo que eu conhecia como "Organização" foi a justiça, mentindo descaradamente comecei a me assustar.

Quando pude ler o estatuto da Corporação União e seu regulamento interno, e o Regimento interno da associação é que comecei a entender os FATOS, os quais não eram roupas de vestir, não eram um rebanho, não eram víceras de animais e não eram simplesmente FACTOS. Ao ler o esses documentos eu descobri um novo idioma, o qual só era conhecido pelos mais destacados membros da Corporação.

Descobri também que eu não era um membro da IASD, mas sim um fiel de um órgão membro de uma corporação. Meu status havia sido modificado e eu não havia sido sequer comunicado! Mas, apesar de tudo, continuo sendo um fiel da Corporação e não pedirei o meu afastamento pois até hoje tenho esperança que alguma pequena coisa possa ser mudada.

Digo, porém, que, lamentavelmente a forma pouco cortês usada pelos dirigentes brasileiros tem causado problemas infindos. E aqueles a quem a Corporação REMOVEU dos livros dos órgãos membros de Poá, de Santa Adélia e de tantos outros locais, têm que apresentar o seu Culto ao Criador. Nós não podemos impedir que o façam independentemente da Corporação.

Quando atuei na política, aprendi uma coisa fundamental. Um amigo seu pode trazer mais um ou dois votos, mas um inimigo seu pode fazer com que você perca uma centena de votos. Nossos administradores têm sido especialistas em criar inimigos!

Por isso, é um fato inconteste que os movimentos congregacionalistas estão crescendo em toda a parte e nossos administradores não percebem isso. O mal-estar já estava generalizado no meio ASD, porém não havia um elemento catalisador. Os fatos ocorridos com Poá serviram de catalisador! Tanto quanto eu saiba, atualmente até a administração ASD já reconheceu que errou na forma que tratou o caso Poá.

Eu tenho acompanhado de perto os fatos em Poá e tenho também noticias de outros locais, vindas através do pessoal de Poá, SP. Em 4 meses, depois do despejo dos irmãos de Poá, já existem funcionando regularmente e se intercomunicando, acima de DEZ comunidades independentes. Existem notícias de pelo menos mais 10 em formação. São dados do Brasil.

Onde vai parar tudo isso? Segundo o meu conhecimento histórico, isso vai criar um ramo congregacionalista do adventismo no Brasil, que, em mais ou menos vinte anos, poderá estar gigantesco. Se isso é bom ou ruim, não sei como qualificar. Eu conheço bem os irmãos de Poá e razoavelmente os de Santa Adélia, mas não adianta lhes contar como estão crescendo e como estão motivados porque não acreditariam.

Os demais grupos eu não conheço, pois tenho minhas condições físicas limitadas. Tenho grande simpatia por esses irmãos, pois, ao serem jogados na rua para servirem de pasto a Satanás, souberam agarrar-se a Deus e continuar unidos na fé.

Quanto a administração da Associação de Leigos, tanto quanto eu saiba, é conduzida por uma comissão diretiva com pessoas de várias cidades do estado de São Paulo e algumas de outros Estados. Quanto às comunidades cristãs adventistas independentes, elas têm administração própria e algumas já têm até pessoa jurídica registrada. Só as novíssimas recorrem a ajuda da Associação de Leigos.

Quanto a Pastores, tenho conhecimento de um único ex-pastor, que já mantém uma comunidade na região noroeste de São Paulo, mas essa comunidade já existia antes dos problemas de Poá e agora esta agregada ao movimento. Não se trata de nenhum pastor problemático, mas me permitam não expor o nome dele em público.

Quem quiser saber mais, informe-se a respeito no site que os Leigos estão desenvolvendo na internet: www.adventistasleigos.com, o qual me parece muito simpático. -- Elihaj Harosh (em correspondência trocada com amigos na lista de discussão por e-mail da MAB.)

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