Como Intimidar a Oposição, Manipular as Decisões
e Amordaçar os Fiéis Adventistas
Nova série de artigos:
A Ideologia do Poder na IASD e as Lições de
Ellen White aos Presidentes de Associação e Outros Administradores
Dentre os muitos artigos publicados neste site, nos últimos meses,
um
chamou a minha atenção ao descrever com extrema clareza e lucidez as estruturas
de poder e os esquemas de dominação, do homem pelo próprio homem, idealizados e
implementados através dos séculos e, também e infelizmente, presentes na nossa
querida IASD.
A
título de introdução, para auxiliar os leitores na compreensão do estudo que
passamos a desenvolver sobre esse tema, tomo a liberdade de reproduzir abaixo
uma parte do referido artigo, escrito pelo Dr. Tales Fonseca.
Lembro, desde já, que o objetivo em vista não é fomentar discórdias e rebeliões
mas, sim, dar uma humilde contribuição aos membros e líderes da IASD na
avaliação e, se julgarem necessária, correção de rumos no que tange ao modelo
administrativo adotado e práticas implementadas pelos nossos presidentes de
associações e demais diretores de departamentos e instituições adventistas.
Supressão dos Direitos Humanos: É Proibido Discordar!
Desde que o mundo existe, um ser humano sempre dominou o outro. Sempre um
grupo forte dominou o mais fraco. As mulheres, os negros, os pobres, os
deficientes físicos, nunca tiveram vez.
Mas,
algumas democracias ocidentais começaram a criar leis em defesa dos mais
fracos, e os grupos oprimidos começaram a ser tratados em pé de igualdade.
É
verdade que muito antes disso, há muitos séculos, um Homem começou a ensinar
que não era a vontade de Deus que as coisas fossem assim, todos acharam muito
bonito o que Ele dizia, mas quando Ele começou a mostrar que também os líderes
religiosos eram iguais aos outros, logo encontraram um modo de silenciá-lo.
[Atentos às lições de Jesus]
Seus
seguidores começaram a se reunir seguindo seus ensinamentos, onde todos eram
iguais, mas isto não durou muito. Algumas gerações depois e tudo voltou ao seu
devido lugar, os de cima em cima, e os de baixo embaixo, e ainda sustentando
os de cima. Napoleão Bonaparte notou esta particularidade da raça humana:
“Quando os homens falam em ser livres, a primeira coisa que fazem é escolher
um chefe”.
Quando a Igreja Adventista foi organizada, Deus, mais uma vez,
tentou orientar os homens para um sistema onde todos fossem irmãos. Os
fundamentos da organização Adventista foram todos construídos de forma a que
nenhum homem pudesse exercer poder sobre os outros a seu bel-prazer.
Todas as decisões teriam que ser, necessariamente, tomadas por
votos, o que implica em uma comissão,
[Dr. Tales, perdoe-me, novamente pelo
acréscimo “apócrifo”: Esta comissão, principalmente ao nível de associações,
não deveria constar de apenas uns “gatos pingados”, como acontece sempre, mas,
com certeza, deveria e deve ser o mais ampla possível; afinal, lembra a
Bíblia: “na multidão de conselheiros há segurança”, Provérbios 11:14
u.p.] várias
pessoas pensando e refletindo – e, obviamente, discordando, pois se é para
todos concordarem o tempo todo, não há porque haver reunião ou votação.
Mas
isto também logo foi corrigido. Os de cima conseguiram convencer os de baixo
que, para participar das comissões, não se podia fazer oposição. Todos votam
com o presidente. Os que discordam são eliminados. Os que criticam
não são mais convidados. E tudo voltou ao normal. O obreiro que
não é subserviente é colocado para fora, e os outros ficam com medo. As reuniões voltam, então, a ser como antes, todos a
favor.
Permita-me dizer-lhe, Dr. Tales, que este seu último parágrafo é a mais
fidedigna expressão do cumprimento da seguinte profecia: “Qualquer que tenha
coragem, coragem moral para chamar as coisas pelo nome certo, e que se recuse a
cair na armadilha estendida pelo incauto, que não se deixa roubar sem protestar
não será olhado com favor por aqueles a quem desagrada”, afirma a Sra.
Ellen White.
Por
falar nisso, soube que o senhor, Dr. Tales, está sofrendo sérias ameaças pelo
telefone, até de morte, aí na Associação Espírito-Santense, devido ao seu
“pecado” de denunciar a “mágica” do sumiço de R$ 300.000,00, a perda dos US$
10.000 do transmissor contrabandeado, comprado pela Rádio Novo Tempo, a
incompetência dos administradores da AES – que a levou a ser condenada a pagar
R$ 1.000.000,00 (haja números!!! Um milhão de reais) em indenizações
trabalhistas, etc, etc.
Respire
aliviado, prezado irmão, a Sra. Ellen White já havia previsto, e predito, este
tipo de represálias... Diz ela: “Membros de conselhos e comissões que não
apóiam a extorsão e a hipocrisia, mas que se posicionam firmemente pelo
direito, não serão convidados a estar presentes onde esses planos são
discutidos”. Ellen White, Carta 4, 1896, pp. 13-16 (01 de julho, 1896
– Para Homens em Posições de Responsabilidade).
Ideologia: Instrumental Teórico e Mecanismos de Validação do Poder e
Justificação dos Abusos e Tirania na IASD
Para se
entender bem como esta ação despótica é exercida, por muitos administradores da
nossa obra, – estendendo os seus tentáculos, suprimindo a liberdade de
expressão, renegando a autocrítica, primado maior da razão e sensatez, sufocando
toda oposição e, como lembra Ellen White, premiando os hipócritas e bajuladores:
São esses, via de regra, os convidados a comporem as mesas administrativas... –
é necessário ir à raiz da questão: Localizando e redefinindo os mecanismos
através dos quais este poder se instala, se consolida, se legitima e se perpetua
na IASD.
Num breve
histórico, veremos que o termo “ideologia” – primeiramente usado pelo filósofo
francês Destutt de Tracy, em 1796, para descrever seu projeto de uma nova
ciência que estaria interessada na análise sistemática das idéias e sensações –
revestido de seus novos significados, por estudiosos tais como Marx e Engels,
adquire o status de um instrumental crítico e componente essencial de um novo
sistema teórico para análise das relações de poder.
“Ideologia”, define John B. Thompson, “é um sistema de idéias que expressa os
interesses da classe dominante, mas que representa relações de classe de
uma forma ilusória”. Uma vez que essas idéias expressam os interesses da
classe dominante, elas, em essência, se caracterizam por um distanciamento da
verdade; pois, em cada época ou circunstâncias, elas se prestam exclusivamente à
justificação ou legitimação dos mecanismos de domínio exercidos ou aplicados
contra a classe dominada.
É
importante ressaltar que essas idéias podem até fundamentar-se na verdade, mas,
num dado momento histórico ou instante, tendo em vista a defesa dos interesses
da classe dominante e a manutenção do estado de servidão e obediência cega por
parte dos dominados, elas se “descolam” da realidade.
“Essas
idéias ou representações”, explica Marilena Chaui, “no entanto, tenderão a
esconder dos homens o modo real como suas relações sociais foram produzidas e a
origem das formas sociais de exploração econômica e de dominação política.
Esse ocultamento da realidade social chama-se ideologia. Por seu
intermédio, os homens legitimam as condições sociais de exploração e de
dominação, fazendo com que pareçam verdadeiras e justas”.
Exemplos
ou Fragmentos do Discurso Ideológico
Aplicando este significado ou representação ao termo “ideologia”, verificaremos
que todos os apelos comerciais da mídia – os meios de comunicação de massa – as
mensagens políticas, e muitas das mensagens ou apelos religiosos, estão
carregados de conteúdo ideológico. Exemplos:
Propaganda da “Oi”:
Passa a seguinte idéia: Todos os demais aparelhos, dos concorrentes é claro,
estão ultrapassados. Se você usa qualquer um desses aparelhos, você parou no
tempo: Está ultrapassado. Mensagem Ideológica: Os aparelhos da “Oi” são
diferentes dos outros aparelhos (eles nem se chamam “celulares”); quando, em
realidade, são exatamente iguais aos outros aparelhos – só muda a cor e, em
alguns casos, tamanhos e modelos.
Propaganda das Eleições: “Voto é decisão, é Brasil no coração!”
Essa propaganda passa a seguinte, e falsa, mensagem: Quem ama o Brasil, é
patriota, vota! Em contrapartida, se você não vota ou não demonstra interesse
em participar do processo eleitoral é sinal ou indicativo de que você não ama
o seu País. É bem mais branda do que o slogan da ditadura militar: “Brasil,
ame-o ou deixe-o! Mas, com certeza, caminha na mesma direção.
Fragmentos do Discurso Ideológico na IASD:
a)
“É pouco, mas é abençoado”: Usado no sentido de justificar os baixos salários
pagos a professores e outros funcionários e servidores da obra. Ora, Deus,
na Sua infinita graça e misericórdia, abençoa a todos aqueles que se abrigarem
nos Seus braços de amor. A benção divina não é monopólio ou exclusividade
daqueles que trabalham na obra como assalariados – os obreiros voluntários e,
conseqüentemente, os seus recursos financeiros também são abençoados. Em
qualquer dos casos, se for muito dinheiro, e for abençoado, vai ser bem melhor!
Ou, não vai?
b) “Não
toqueis nos meus ungidos”: Usado no sentido de que um pastor não pode ser
criticado, censurado ou sequer se discorde de sua palavra ou má conduta. O
irmão Tales já deixou bem claro aqui, neste site, qual é o real significado
desta expressão; e, em seu último artigo, no qual trata da maior inovação
tecnológica à serviço da corrupção administrativa na IASD: o “Mexerica”, ele
simplesmente descreve com clareza ímpar os intrincados mecanismos do
funcionamento do discurso ideológico em nosso arraial:
“Assim
como é difícil na vida política encontrar provas suficientes para desbaratar os
grandes esquemas de corrupção, na obra é mais difícil ainda, pois os membros são instruídos constantemente a não duvidar da honestidade dos líderes, e quem o faz, passa a
ser intensamente discriminado. Os adúlteros, ladrões,
ex-usuários de drogas, são tratados com muito mais respeito na igreja que
os que em algum momento ousaram questionar os poderosos. Mas, como deuses
no Olimpo, sabendo que não podem ser questionados, os corruptos muitas vezes
abusam”.
c)
“Irmão, nós oramos antes de fazer estas escolhas!” Ou, com a voz bem grave e
solene: “Irmãos, sentimos a ação do Espírito Santo, ao trabalhar ali, na
Comissão de Nomeações; olha, todas as escolhas ocorreram de forma pacífica e
unânime!” Estas frases são bastante usadas nas Trienais das associações, agora
Quadrienais, com a finalidade de acalmar os ânimos – convencendo os irmãos,
descontentes com os rumos e decisões tomadas, de que tudo foi feito “segundo a
vontade divina”.
Às vezes
isso é feito com toda a truculência possível – como fazia um ex-presidente da
UEB – de forma que os opositores são humilhados e rotulados de “rebeldes”,
“filhos do diabo”, etc. Outras vezes, a manipulação sutil – bem engendrada –
encontra a sua justificativa operacional nas frases de efeito que procuram
desviar o foco da natural e injustificável atitude humana para a sobrenatural e
imensurável [não dá para medir ou determinar com precisão...] ação do Espírito
Santo. Concluindo esta parte, quero lembrar que é exatamente esta a função da
ideologia: “mascaramento da verdade”.
d) De
qualquer modo, como lembra o irmão Tales ao falar das eleições em seu campo de
origem, a AES, “A dificuldade para mudar reside em parte na outra doutrina
fundamental que é praticada aqui:
todos têm o direito de se expressar, desde
que a favor da administração”.
Infelizmente, isso não é privilégio da AES ou dos campos da UEB. Muitos outros
líderes e administradores da obra conduzem o seu trabalho, exercendo influência
e domínio sobre os seus liderados, como se o povo fosse índio ou criança – que
precisam ser tutelados. Para estes, “o povo é apenas um detalhe”; daí o
desrespeito pela opinião dos “irmãozinhos”, as manipulações, sutis ou
grosseiras, da vontade da maioria.
Quantos
presidentes de uniões se dirigem para as Assembléias, Trienais ou Quadrienais,
com um (ou vários) nome(s) no “colete”? Quantas dessas assembléias teriam os
mesmos resultados, caso fosse observada a vontade da Maioria? Quantos irmãos,
trabalhadores fiéis e sinceros, se sentem espoliados em seus direitos básicos,
roubados mesmo, ao participarem dessas assembléias? Quantos outros, centenas de
membros, não querem mais participar destas assembléias – principalmente nos
campos da UEB – por se sentirem violentados emocionalmente e espiritualmente no
desrespeito à sua voz e direitos?
Conclusão
Os nossos
líderes têm enveredado por caminhos e atalhos que, nem sempre, tem sido os
melhores para a Igreja, para a Causa e para si próprios. É preciso, portanto,
com humildade, fazer um “mea culpa” e ouvir, ler, e acatar as advertências e
críticas, por mais duras que sejam: “Precisam nossos ministros e líderes
reconhecer a necessidade de buscarem o conselho de seus irmãos que há muito
estão no trabalho, e que alcançaram profunda experiência nos caminhos do
Senhor. A disposição de alguns de se fecharem dentro de si mesmos e de se
julgarem competentes para planejar e executar, segundo seus próprios juízos e
preferências” [este é o padrão administrativo do “Presidente Pinto” que, para
esconder a incompetência, resolve “cantar de galo”; não é à toa que a Bíblia faz
a seguinte advertência quanto aos critérios para a escolha de líderes na Igreja:
“não seja neófito*, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação
do diabo”, I Timóteo 3:6] “leva-os a posições difíceis.
Tal maneira
independente de trabalhar não é correta, e não deve ser seguida.
Devem os ministros e professores de nossas Associações trabalhar unidos com seus
irmãos experientes, solicitando-lhes o conselho, e dando atenção
aos seus avisos”. – Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos,
págs. 501-502 (Liderança Cristã, também de Ellen White, págs. 109-110).
No próximo
artigo, a parte II, daremos prosseguimento ao assunto em questão e veremos como
Deus recomenda, através da Sua Mensageira, a Sra. Ellen White, que tratemos os
líderes prepotentes da obra – que desprezam a opinião dos membros de Igreja e de
outros pastores, mais experientes.
Aguardem!
Observações:
• Os líderes
das Uniões e DSA têm a sua grande parcela de culpa quando permitem que
“neófitos” – muitas vezes, jovens até promissores – sejam eleitos (geralmente,
por pura politicagem) e “queimados” em cargos de grande responsabilidade na
obra: Departamentos, Secretaria e Presidência de Campo. Infelizmente, esses
próprios líderes têm contribuído – negativamente – na criação e crescimento de
um espírito estranho à Causa: “Crescer, na obra, é ocupar cargos cada vez mais
elevados!”
• Logicamente,
isso implica em estar cada vez mais distante do povo de Deus, alheio às suas
necessidades e, sem sombra de dúvidas, indiferente ao seu grito e clamor. Não é
esta a posição faraônica (Êxodo 5:6-14) assumida pela maioria dos
departamentais, tesoureiros (principalmente estes: são os “reis da cocada
preta”, insensíveis, tiranos e manipuladores), secretários e presidentes? –
Rafael Moraes Silveira, membro leigo, porém esclarecido.
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