Você Sabe
Quanto o Cid Moreira Cobrou para Gravar o Caminho a Cristo?
"Os observadores do sábado não devem ser sócios dos incrédulos. O
povo de Deus confia demasiado nas palavras dos estranhos, e buscam-lhes o
conselho, quando não o devem fazer." - Testemunhos Seletos, Vol. 1,
pág. 71.
Pastores e outros
profissionais adventistas de comunicação fariam o trabalho de graça, mas
foram rejeitados por não serem tão famosos
Se
lhe disserem que Cid Moreira batizou-se na Igreja Adventista e gravou o CD do
livro Caminho a Cristo de graça, não acredite. É mais uma das
"lendas" do imaginário adventista, discretamente disseminadas pela
liderança. Aliás, você já deve ter reparado que, com muita freqüência,
pastores da IASD tentam pegar carona no prestígio e influência de políticos e
de artistas famosos. No passado, dizia-se por exemplo que uma enfermeira do
Hospital Silvestre teria dado estudos bíblicos a Roberto Carlos no Rio de
Janeiro. Mais recentemente, o escolhido foi o ex-apresentador do Jornal Nacional
e parceiro-admirador do "Mister M" no Fantástico.
A Voz da Ditadura
Quem acompanha a trajetória profissional desse locutor sabe que, depois de
27 anos como apresentador do Jornal Nacional, teve de ser substituído em abril
de 96 pelos jornalistas Lílian Wittefibe e William Bonner porque perdera toda
sua credibilidade. A poderosa Rede Globo de Televisão precisava recuperar a
audiência e confiabilidade de seu principal noticiário e optou por descartá-lo.
Cid Moreira continuou sendo, porém, "a voz do dono", retornando vez
por outra à tela para interpretar o posicionamento político do empresário
Roberto Marinho.
Por
causa do comprometimento político do grupo de comunicação para quem ainda
trabalha, Cid Moreira ficou conhecido também como "a voz da
ditadura". Em março de 94, quando a Rede de Globo foi condenada por
manipular os fatos e obrigada pela justiça a conceder direito de resposta ao
governador Leonel Brizola, o jornalista Nelson de Sá, da Folha de S.Paulo,
assim se referiu ao apresentador: "Cid Moreira, a voz do dono, a voz do
Grande Irmão, a voz que surgiu do AI-5..." (http://www.pdt.org.br/bzjornac.html)
Raúl Trejo Delarbre, um estudioso mexicano de comunicação, afirma que a
imagem de Cid Moreira estava profundamente associada à da Rede Globo, através
do Jornal Nacional. Por essa razão, quando decidiram reduzir o caráter
pró-governista do noticiário, foi preciso afastá-lo.
"Durante longo tempo, o Jornal Nacional mostrou um rosto
intencionalmente maquiado da realidade brasileira. Em um país com profundas
tensões sociais e políticas, o panorama que oferecia deixava a impressão de
que nada, ou quase nada, estava acontecendo. Tanto assim que no começo de 1973,
o então presidente e general Emílio Garrastazu Médici comentava: 'Sinto-me
feliz cada noite quando ligo a televisão para ver as noticias. Enquanto o
noticiário fala de greves, agitação, atentados e conflitos em diversas partes
do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como tomar um
calmante depois de um dia de trabalho', relembra Delarbre." (http://www.etcetera.com.mx/colab/td980116.htm)
A "Voz de Deus"
Fora
da telinha, o desgastado e septagenário apresentador Cid Moreira decidiu
explorar o grave de sua voz e o pouco de credibilidade que lhe restava em um filão
profissional que já experimentara no começo da década de 80. Era adepto da
seita Universo em Desencanto e lançou um disco compacto de vinil, com os
poemas "Desiderata" e "Ação de Graças". Já na década de
90, gravou também Salmos, o Sermão da Montanha e outros trechos da Bíblia, além
de poesias e crônicas para serviços de telemensagem. Mais recentemente,
participou da gravação em CD de toda a Bíblia Sagrada. Por último,
contratado pela Casa Publicadora Brasileira, recitou o livro Caminho a Cristo.
Nesse período, foi entrevistado pela revista evangélica Vinde, que
assim o descreveu: "O locutor Cid Moreira, de 71 anos, não pode ser
chamado exatamente de evangélico, mas tem uma história singular. É uma espécie
de cristão sem igreja, que visita vez ou outra várias delas, quando
convidado... De criação católica, o locutor já havia gravado, em vezes
anteriores, trechos da Bíblia... Indagado sobre a razão de não estar
congregando em uma igreja, Cid Moreira deu uma resposta que pode servir de termômetro
para explicar porque muitos convertidos tomam a mesma decisão: o desejo de
preservação da imagem. 'Não quero ficar marcado como membro de uma ou outra
igreja. Não gosto de divisão. Cristo queria a união da igreja',
argumenta." (http://www2.uol.com.br/vinde/21.htm)
Em outra ocasião, entrevistado por uma emissora de tevê, Cid Moreira
praticamente repetiu a resposta:
"O senhor pertence a alguma igreja em específico?
"Desde que comecei a gravar temas bíblicos notei a grande preocupação
da maioria das pessoas em querer saber se estava ligado a essa ou aquela igreja.
Meus amigos, o importante é estar ligado ao Nosso Senhor Jesus Cristo, porque
Ele é orientador do nosso caminho*... a verdade que nos ilumina e a inspiração
que temos pela vida." (http://www.tvclube.com.br/entrevis.htm)
* Note que não se refere a Jesus Cristo
como nosso salvador!
Outra referência a essa fase da carreira de Cid Moreira, pode ser encontrada
neste endereço: http://www.zaitek.com.br/rcdetalhes/atual3.htm
"A Revista Contigo! desta semana, traz uma matéria
sobre o fenômeno de vendas em que se transformou, a música de cunho religioso.
Cita o padre Marcelo Rossi, os apresentadores Cid Moreira, Angélica e Hebe
Camargo, dentre aqueles que estão aproveitando a 'onda'."
A Voz da Irreverência
Aos
72 anos, Cid Moreira vivenciou recentemente uma terceira fase em sua vida . Todo
domingo, no Fantástico, ele incorporava "a voz da irreverência" ao
narrar as aventuras do "mágico mascarado" a quem se referia como
"senhor de todos os segredos", "príncipe dos sortilégios",
etc. Para ele, o sucesso do estilo descontraído de narração que adotou para
as apresentações de Mr. M representava uma espécie de retorno triunfal à
televisão. Veja o que disse ao jornal O Globo: "Sou um novo Cid
Moreira, sem dúvida. A era do "Jornal Nacional" passou. O mais
importante é que as pessoas na rua reconhecem essa minha nova fase e me elogiam
muito... Eu me sinto no auge." (http://www.oglobo.com.br/arquivo/diversao/19990711/TV90.htm)
É no talento interpretativo desse homem que a liderança da Igreja
Adventista do Sétimo Dia decidiu apostar agora toda sua confiança,
menosprezando seus próprios pastores e profissionais de comunicação. Fariam
de graça o trabalho, mas não dispõem do prestígio - que já provamos ser
questionável! - de Cid Moreira.
"O livro Caminho a
Cristo tornou-se o mais vendido* da história da Casa Publicadora (4.491.800
exemplares) em parte pela estratégia de imprimi-lo na forma de revista (Paz
na Tempestade). Agora, espera-se que o sucesso na distribuição deste livro
continue através de outra estratégia: a produção integral do Caminho a
Cristo em CD gravado por Cid Moreira." (http://www.cpb.com.br/htdocs/cr/p7.html)
*Note que a preocupação não é
evangelizar, mas vender!
A notícia divulgada pela Casa Publicadora Brasileira nada diz sobre o cachê
pago a Cid Moreira. E mesmo que houvesse feito o trabalho de graça, com certeza
sua interpretação não superaria a de um sincero pastor ou membro da nossa
igreja. Daqui a pouco, alguém vai ter a idéia de contratar o Gugu ou o Padre
Marcelo para animar os congressos de jovens!
Robson Ramos - Texto publicado originalmente no www.adventistas.net
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