Papa pede o fim do "contraste entre luxo e miséria"
O papa João Paulo II foi muito claro e objetivo ao traçar o perfil do episcopado que deseja para a Igreja Católica no novo milênio: ele deve se orientar pela doutrina social da Igreja.
Na homilia que fez hoje, durante a abertura da 10ª Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos na Basílica de São Pedro, o Pontífice afirmou que o dever dos bispos é anunciar a salvação a homens e mulheres de seu tempo, "através da esperança que vem da cruz, sinal da vitória do amor sobre o ódio, do perdão sobre a vingança". Mas para que o anúncio do Evangelho seja ouvido pela sociedade é necessário seguir os passos de Jesus Cristo e "ser pobre a serviço do Evangelho" - requisito fundamental para que a mensagem seja recebida, segundo João Paulo II. Com dificuldade para falar e visivelmente cansado após a recente viagem ao Casaquistão e à Armênia, o santo padre recordou que, em sua história, a Igreja sempre esteve ao lado dos pobres. Assim, os bispos precisam defender os últimos e servir de exemplo.
Esse será o tema de discussão sobre o qual os 247 bispos e cardeais dos cinco continentes vão se debruçarão a partir desta segunda-feira até o dia 27 no Vaticano. O tema da 10ª Assembléia é "O Bispo, Servidor do Evangelho de Jesus Cristo para a Esperança do Mundo". Durante os trabalhos, os bispos expõem os problemas de suas igrejas, fazem reivindicações e trocam idéias. O sínodo é uma espécie de Parlamento da Igreja com poder consultivo e sem autonomia.
Apesar disso, ainda é o único organismo representativo que informa o papa sobre os problemas e as exigências dos 5.000 bispos espalhados pelo mundo. João Paulo II é o papa que mais convocou sínodos: 15 (entre ordinários e extraordinários em 23 anos de pontificado) ante a cinco convocados por Paulo VI - que instituiu essa modalidade de reunião em 1976. Segundo analistas, esse sínodo pode ser decisivo para o futuro da Igreja se forem incluídos na pauta de discussão temas como a relação entre a cúria romana e os bispos, a descentralização do poder, além do primado do papa - questão fundamental para uma reaproximação com as outras igrejas cristãs.
Entre os 247 participantes do sínodo há seis brasileiros. Os cardeais dom Claudio Hummes, arcebispo de São Paulo; dom Geraldo Majella Agnelo, de Salvador; dom Jaime Chemello, presidente da CNBB; e dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana. O novo arcebispo do Rio de Janeiro, dom Eusebio Sheid e o bispo emérito de Santos, dom Davi Picão, foram escolhidos pelo papa. Além dos temas específicos de cada prelado e de cada região, a atual crise internacional seguramente vai estar entre os temas discutidos. "Vamos falar concretamente sobre esse momento de tensão, de escalada bélica e militar que o mundo está vivendo", confirmou dom Hummes, que colocou também a globalização e a nova ordem econômica mundial entre os principais temas de debate. Assimina Vlahou |
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