No Lugar do Pastor, O Que Faria Jesus?

Quando iniciei o curso teológico no ENA, um dos professores até nos recomendou que lêssemos um pequeno livro, intitulado "Em Seus Passos, O Que Faria Jesus?" O objetivo era estimular-nos a agir no distrito do modo como entendêssemos que Jesus faria. 

Hoje, pelas notícias que recebemos, devem estar ensinando até defesa pessoal e arte da guerra nos seminários! Só pode ser isso, pois de todos as regiões do Brasil nos chegam notícias de pastores que estão ameaçando se utilizar até da polícia para tentar impedir a presença de membros (logo em seguida, ex-membros) que ousem questionar seus ensinos e autoridade durante as reuniões. Sei de igrejas em que isto ocorreu de fato.

A resposta branda que desvia o furor já não está tendo lugar, por exemplo, na Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Campo Grande, MS. O "pastor" recém-chegado já teria inclusive registrado boletim de ocorrência contra um rapaz que insiste em fazer perguntas embaraçosas, sempre fundamentadas na Bíblia e nos livros do Espírito de Profecia, mas em momentos que o "pastor" considera inoportunos.

O "pastor", metido a brincalhão e espirituoso, apelara para zombaria e, como não funcionou, teria usado de uma certa dose de força física para "pedir" ao rapaz que se sentasse. O moço lhe teria respondido que tirasse imediatamente as mãos de cima dele e, posteriormente, teria ainda destratado a esposa e filhas do "pastor" pelo telefone.

Foi o suficiente para o "pastor" recém-chegado sentir-se ameaçado e buscar a proteção da polícia. Comenta-se que o rapaz teria usado droga antes de sua conversão e esse fato foi "ressuscitado" na polícia para rotulá-lo como "perigoso". Em Dourados, cidade vizinha, o mesmo rapaz teria exigido que o pastor local lhe pagasse por um serviço prestado à igreja por um preço abaixo do valor de mercado e o caso também parou na polícia, porque o pastor se sentiu ofendido com a cobrança. 

O mais grave é que o "pastor" já anuncia sem nenhum escrúpulo que irá conseguir, no mínimo, uma censura de doze meses para o rapaz e que pretende impedir, através de mandado judicial, que o rapaz sequer se aproxime de uma igreja adventista nesse período. Razões como essa podem estar levando alguns irmãos sinceros a questionarem o procedimento do pastor, enquanto outros aplaudem "porque esse rapaz é abusado mesmo, não tem desconfiômetro?

Irá a Central de Campo Grande transformar-se numa nova Poá? Qual o momento oportuno para se fazer questionamentos na igreja? Dizem que "roupa suja se lava em casa", mas se não pode fazer perguntas no culto, não pode na Escola Sabatina, não pode no J.A., quando é que pode? Se o rapaz é problemático, chamar a polícia para proibi-lo de entrar na igreja é a saída mais cristã? No lugar do pastor, o que faria Jesus?

Pensei em concluir o texto acima com esse ponto de interrogação, quando me lembrei de um outro episódio ocorrido comigo no curso teológico. Dessa vez, já estava no quarto ano, mas no velho IAE. O secretário do Seminário me chamou à sua sala e, constrangido disse: "Em nome de alguns professores, quero pedir a você que não faça tantas perguntas. O irmão pergunta demais e isso pode dificultar o seu chamado..." - Robson Ramos.

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