Quarteto Adventista que Esteve no Jô Estarrece Leitora

"Estou escrevendo porque estou estarrecida. Ontem (26/04), esteve no programa do Jô (Rede Globo), um quarteto adventista chamado 4Manos que lançou na lama o nome da Igreja, pelas suas danças, palmas, corte esquisitíssimo de cabelo e música. Falaram até em meninas, gatinhas, de uma forma totalmente mundana. Por favor, procure saber disso e disponibilize matéria em seu site. Obrigada! Não publique meu e-mail."

Resposta do editor:

Demorei alguns dias para responder a essa mensagem porque não havia assistido a esse programa do Jô, nem dispunha de outras informações a respeito desses rapazes. Hoje (02/05/2001) descobri um resumo da entrevista no site do Jô. 

Só então soube que "o Grupo Quatro Manos é formado por: Marcos, Moisés, Márcio e Luciano. Eles são do Capão Redondo, um dos bairros mais violentos de São Paulo e se conheceram numa igreja adventista. Os rapazes estão lançando o primeiro cd do grupo e contaram algumas histórias engraçadas que aconteceram desde que começaram a cantar juntos. Eles fizeram trechos de algumas músicas que costumavam a cantar na igreja e terminaram com BR-3, numa homenagem a Tony Tornado." Fonte: redeglobo.globo.com/programadojo/ 

Ajudou, mas não esclareceu se os jovens ainda freqüentam a igreja. Pode ser que já a tenham deixado como membros, ainda que permaneçam alguns laços de amizade e afeição pelos velhos amigos. É o que parece acontecer também com a atriz Luana Piovani, que sempre se refere com carinho à Igreja Adventista à qual teria pertencido quando criança. Comenta-se que a atriz Isadora Ribeiro e o ator Tarcísio Meira também teriam freqüentado a Igreja Adventista por algum tempo.

Voltando aos 4Manos, seria preciso primeiro saber se ainda pertencem à igreja, para então sugerirmos que fossem melhor orientados por seu pastor. Caso estejam fora dela, resta orar e visitá-los, buscando atraí-los de volta ao rebanho do Senhor. 

Outro detalhe é saber se não teriam sido vítimas do enfoque do Jô. Pode ser que ele explorou apenas esse lado "mundano" dos grupos musicais. Quando o objetivo é a audiência, a religiosidade obviamente fica em segundo plano. Eu mesmo quando estive fora da igreja, fui também entrevistado no programa do Jô como "ex-pastor adventista que conduzia um programa de sexo explícito no rádio". 

Na verdade, como locutor e jornalista e com a participação de psicólogos, urologistas, ginecologistas e sexólogos, eu apresentava durante a madrugada um programa de informação explícita sobre sexo. E na época, falar de sexo em português claro era ainda considerado tabu. Por isso, o Jô explorou exatamente a aparente contradição sexo/religião. E eu consenti, porque buscava a divulgação de meu trabalho.

O mais provável, porém, é que esses rapazes ainda freqüentem normalmente a igreja do Capão Redondo, que fica bem perto do antigo IAE. E mesmo que isso não mais ocorra, diria que, com certeza, foram vítimas do clima de espetacularização que envolve a lista de prioridades de nossas instituições de ensino. Seja no IAE, C1 ou C2, Iasp, ou qualquer outro colégio nosso, a atual ênfase da educação adventista "é show"! 

Prioriza-se a vida social, com muitos eventos musicais (shows mesmo, não são cultos de louvor!), cinema em DVD (Gladiador, Matrix e outros títulos, inclusive), teatro (de peças não necessariamente evangelísticas), festas, sorvetadas, etc. Enquanto isso, longe dali os pais se matam de tanto trabalhar para poder pagar as mensalidades, imaginando que o sacrifício compensa porque o filho está recebendo o melhor treinamento profissional e uma orientação espiritual irrepreensível. Mas isso tudo é secundário na filosofia educacional adventista do terceiro milênio.

O resultado é que, na maior parte dos casos, nossas escolas formam profissionais despreparados, pouco ligados à religião e, principalmente, boêmios, festeiros, irreverentes, frívolos, irresponsáveis, que colocam o espetáculo, a fama, o prazer, o dinheiro, acima de tudo. Num ambiente assim, qualquer grupo musical se desvirtua. 

Alguém até já disse que nossos jovens não precisam de entretenimento. Devemos incutir-lhes é senso de missão e de urgência. 

Esse fenômeno de grupos musicais adventistas que "optam pelo mundão" tende a espalhar-se, uma vez que nossa principal revista denominacional usa boa parte de suas páginas exclusivamente para a promoção de CDs e cantores. 

Nossa editora e instituições, estejam ligadas à comunicação ou não, tornaram-se também fabriquetas de ídolos denominacionais, que servirão como fonte de renda e atração barata para os megaeventos conduzidos por pastores-astros. 

Religião-show, em que se cultua unicamente a aparência exterior, que faz do evangelismo apenas marketing e vê os membros como público-consumidor, só pode produzir frutos da mesma natureza. -- Robson Ramos

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