Conheço Bem Esse Pedacinho do Inferno Chamado Capão Redondo

Gostaria de expressar minha opinião a respeito do Quarteto 4Manos. Assisti a entrevista deles no Jô Soares, dia 26/04. Assisti também a apresentação deles no programa da Adriane Galisteu, segunda-feira (01/05) e tenho algumas considerações a fazer sobre os fatos.

Primeiro, gostaria de dizer que escrevo com sinceridade e com total liberdade, pois além de ser adventista, assisti o episódio na televisão e, acima de tudo, moro no CAPÃO REDONDO. Acho, portanto, que meu ponto de vista tem muito a acrescentar.

Nossa querida irmã desconhecida ficou "estarrecida" com que viu na televisão. Ou seja, ela não gostou do jeito (corte esquisitíssimo de cabelo, música, danças e palmas) dos meninos. Mas o que ela, na verdade, não gostou foi do fato deles terem se conhecido numa Igreja Adventista. Porque se eles tivessem se conhecido numa Igreja Batista, por exemplo, ela não iria dar a mínima. Ou pior, iria pensar assim: "Nossa, que horror! Olha só como está a Igreja Batista!" E com certeza ela não iria mandar um e-mail para o www.Adventistas.com.

Para mim (Rogério Prado), não importa se eles estão dentro ou se estão afastados da Igreja. Não vai ser o status deles que vai aumentar ou diminuir minha fé. Eu tenho a mais pura certeza de quem deu o dom da música para os meninos foi Deus, e pasmem, esse Deus é o mesmo Deus em que nossa irmã desconhecida acredita. Então, por que ela ficou "estarrecida"?

Vamos analisar os fatos:

Eles (4Manos) moram no Capão Redondo, lugar esse que é considerado um dos lugares mais perigosos do Brasil, se não do mundo. Como dizem meus colegas de trabalho: "Um lugar sem lei". Mas não é bem assim, existe lei sim. A lei do tráfico de drogas e da violência. Um lugar onde as pessoas morrem e matam por qualquer besteira. Um lugar onde o medo é mais forte do que a fé de muitos adventistas. Essa é a realidade.

Nesse pedacinho do inferno, chamando Capão Redondo, esses meninos com "corte esquisitíssimo de cabelo, música, danças e palmas" são exemplo de fé e de justiça. Pois com certeza eles lutaram (e muito) para conseguirem chegar onde estão hoje, e eu (Rogério Prado) admiro e muito. Isso nada mais é do que a bênção de Deus na vida deles, pois se não fosse a Igreja Adventista do Capão Redondo eles jamais estariam onde eles estão (fato).

Aqui no Capão Redondo existem cortes de cabelos muito mais esquisitíssimos do que os deles. Existem músicas muito mais mundanas e depravadas do que a que eles (exemplo: a onda de Funk). Existem Danças muito piores que aquela que dançaram. Ou seja ELES SÃO SANTOS COMPARADOS COM A REALIDADE DE ONDE SURGIRAM.

Beco sem saída

O mundo caminha para um beco sem saída. Alguém já tomou consciência de que estamos vivendo nos últimos dias?

Viver nos últimos dias significa não se assustar com mais nada. Tudo daqui a diante é possível. A sistema em que nossa sociedade foi montada está ruindo. A imoralidade, a corrupção e a ganância do ser humano vão destruir a todos nós, a menos que voltemos nossos olhos a Cristo e tentemos fazer de tudo para seguir Seus ensinamentos.

Agora pergunto: Como os 4 meninos que vieram de um pedacinho do inferno, chamado Capão Redondo, podem ser perfeitos (absolutamente) diante de Deus e dos homens? 

Minha resposta: É impossível! A realidade deles é outra comparada com a realidade da nossa querida irmã desconhecida. Assim como a minha realidade é diferente da realidade de cada um que está lendo o que estou escrevendo. A Sra. White diz naquele livro das Parábolas de Jesus que cada um deve ser perfeito (relativamente) na sua esfera.

Se não concordamos com alguma coisa, o mundo vai acabar do mesmo jeito, ninguém irá pro céu e nós vamos ficar discutindo isso por toda a eternidade infernal sem chegar a conclusão alguma.

O fato de termos realidade diferentes nos impede de julgarmos as pessoas. Nunca, jamais vamos conseguir ter uma igreja de Laodicéia Santa, ou seja, uma igreja onde todo mundo faz tudo certinho. A realidade dos últimos dias em que vivemos não dá condições para que isso aconteça.

Então como vamos conseguir levar a mensagem de que Cristo está voltando para as pessoas que vivem nas diferentes realidades atuais? No meu ponto de vista, temos que transformar a igreja de Laodicéia na igreja de Corinto. 

Alguém já parou para ler como era a Igreja de Corinto? Corinto tinha uma igreja fervorosa, mas lá existiam pessoas de todos os tipos. Ora, se Deus nos aceita de braços abertos independentemente de nossa situação, quem somos nos para ficarmos julgando esse ou aquele membro? Nós não somos nada comparados com a Grandeza do amor de Deus.

Único erro

Ainda no meu ponto de vista houve SIM um erro no fato deles estarem no Jô Soares. O erro foi: uma oportunidade perdida. Uma oportunidade que poderia ser usada para chamar a atenção das pessoas para nossa mensagem, para nosso Deus.

Quantas pessoas que não conheciam nossa igreja assistiram aqueles jovens na TV? Quantas delas ficaram interessadas pela nossa igreja baseado no que aqueles jovens disseram?

Com certeza, teve pessoas que se interessaram pelas gatinhas. Ora, todo rapaz quer encontrar uma menina certinha e pura para casar, e melhor ainda se ela for gatinha.

Com certeza, teve pessoas que ficaram interessadas pela musicalidade que aqueles jovens apresentaram. É um som agradável de se ouvir e, no meu ponto de vista, não é nenhum um pouco mundano ou profano, como o funk e outros absurdos musicais. É até Santo, pois, querendo ou não, está levantando o nome de nossa Igreja de forma positiva pelo mundo afora.

Agora, imagine você, se todos nos (Igreja Adventista) tivéssemos um pouquinho mais de Cristo em nossos corações...

Com certeza, os “4Manos” estariam na Igreja, pois ela não seria tão unilateral como é hoje.

Com certeza, os “4Manos” seriam melhor orientados para levarem um pouco mais de nossa mensagem ao mundo. E como todo mundo sabe, de grão em grão, a galinha enche o papo.

Eu acho que não é apenas em nossos jovens que precisa ser incutido o senso de missão, de urgência, mas em todo membro ativo ou não em nossa fé. E mais, digo também com certeza que não são apenas nossos jovens que necessitam de entretenimento, mas sim todos os seres humanos.

Precisamos de algo que nos agrade e nos faça feliz. Afinal de contas, nossas vidas já são tão duras e amargas de se viver. Se não tivermos algo que nos distraia e nos faça feliz, nunca vamos acreditar em nada.

Espero que tenha conseguido agregar algum valor àqueles que tiveram um tempinho de ler o que escrevi. Que Deus abençoe e proteja a todos.

Rogério Prado.

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